O contato com animais desde cedo fez crescer a paixão pelo cuidado com eles. Na convivência entre bois, cavalos e ovelhas, o carinho pelos cachorros predominou. Foi com essa vivência que Luciano Costa de Castro começou com o adestramento dos bichos, fossem eles pets ou de vigia.
Proprietário do Centro de Treinamento Canino (CTC) Cão Solução, Costa foi o convidado dessa segunda-feira, 13, de “O Meu Negócio”, programa multiplataforma do Grupo A Hora. Natural do interior de Candelária, afirma que sempre teve a presença de cães ao seu lado, fosse na cidade ou no período em que esteve no quartel aos 18 anos.
Segundo o empreendedor, os anos de convivência com os animais despertaram o interesse e curiosidade em ensiná-los. Detalha que as especializações começaram após o retorno do quartel. “Entendi que era isso que queria fazer na minha vida. Comecei uma série de cursos em São José do Rio Preto, em São Paulo, em uma escola referência na área. Na primeira vez, fiquei 28 dias no local, foi um curso introdutório, mas tive a certeza de havia feito a escolha certa”.
Castro detalha ainda que, como em demais áreas de atuação, é importante manter-se atualizado. “Esse curso em São José do Rio Preto, por exemplo, é ministrado por um senhor com mais de 70 anos, que passou a vida se dedicando ao estudo comportamental dos cães”. Além dos seis módulos do curso em São Paulo, teve ainda outras experiências de aprendizado fora do estado.
Hoje, há cerca de 26 anos no ramo, reforça que o apoio da família, presente em toda a trajetória, foi muito importante. “Na época em que comecei, as pessoas não acreditavam na profissão, mas meu amor e conexão com os animais falou mais alto. Afinal, gostando do que se faz, o resultado vem”, comenta.
Viver com ousadia
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Entrevista
Luciano Costa de Castro • Proprietário do Centro de Treinamento Cão Solução
Rogério Wink: Onde surgiu o primeiro negócio?
Luciano Costa de Castro: Iniciei o empreendimento em 1998, em Teutônia. Havia me mudado para a cidade por conta do meu casamento da época, para cuidar de uma loja de roupas com minha ex-esposa. Antes de abrir o negócio, já trabalhava meio turno na loja e fazia o adestramento a domicílio. Com o dinheiro que recebia, comprei o terreno e construí dez canis. Não tinha certeza se iria dar certo, mas já na inauguração preenchi os dez espaços e fiquei com seis cães na fila de espera. Percebi que tinha grande potencial. Fiquei 13 anos no município, quando resolvi mudar para Lajeado, no bairro Conventos.
Wink: Qual o público alvo?
Costa: Começamos trabalhando com adestramento simples, como comportamento rotineiro e o andar na rua. Era um processo mais voltado para famílias com pets. Ao longo do tempo, surgiram oportunidades de parcerias, como cães de segurança, de faro e de patrulha da Brigada Militar. São processos mais brutos, os cães passam por pressões psicológicas e testes para evitar qualquer agressão ao tutor nos momentos de estresse. Hoje, o perfil é diferente. Ainda fazemos o treinamento de cães de guarda para estabelecimentos, adestramentos comuns, mas temos focado na cinoterapia, também conhecida como terapia com cães, em parceria com o Canil Municipal.
Wink: Como é feito o adestramento?
Costa: Começamos com um modelo de entrevista em que procuro entender o objetivo, se será pessoal ou cuidado para empresa ou casa. Definido isso, busco conhecer o cachorro. Em alguns casos, as pessoas vem sem ter o cão ainda e eu os ajudo na hora de escolher, além de fazer a recomendação de locais que podem ter os animais. É sempre bom ter em mente que há cachorros com pré-disposição para determinado tipo de função. Depois dessa parte estabelecida, passamos para o processo de adestramento. Utilizamos várias técnicas para, de certa forma, entrar na mente dele e, assim, fazê-lo entender os comandos. A repetição e o estímulo positivo são alguns dos métodos.
Wink: O contato com o dono é recomendado?
Costa: Sempre. O único momento que pedimos que a família se afaste é na primeira semana. Isso porque é nesse momento que o cão está na fase de adaptação, conhecendo o novo local e, principalmente, entendendo que será o tutor. Se a família está presente, o animal não nos dá bola, o que acaba dificultando o processo. Após a semana inicial, pedimos para que o responsável venha o máximo possível e acompanhe o processo de adestramento. Afinal, o tutor também precisa saber comandar o cachorro, não apenas ele aprender a obedecer.
Wink: Vocês são responsáveis pelo “Patinhas que Cuidam”. Como é esse projeto?
Costa: É uma iniciativa nossa com a Secretaria do Meio Ambiente (Sema) de Lajeado. Desde julho do ano passado, adestramos dez cães por mês, totalizando mais de 50 até o momento. Junto desse processo, buscamos animais que possam ser voltados para a cinoterapia. Do total de cachorros acolhidos, apenas três foram selecionados. Esses são aptos ao estímulo à reabilitação das pessoas, ao desenvolverem capacidades físicas, cognitivas, sociais e funcionais. De um modo geral, toda a comunidade ganha, sejam os indivíduos de locais como Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e Associação de Deficientes Físicos de Lajeado (Adefil) ou quem adota os demais animais adestrados. É uma oportunidade de dar uma vida mais digna para esses seres.