De origem italiana e natural de Porto Alegre, o médico especialista em cirurgia de mãos Giuseppe de Luca Junior é o quarto entrevistado do quadro “Diálogos HBB”. Filho de Matilde, funcionária pública, e Giuseppe, dentista, tem como irmão Leonardo.
O interesse pela medicina surgiu já na fase adulta. Segundo ele, a mãe trabalhava num serviço de perícia médica e acabou convivendo com o meio desde pequeno, mas só decidiu seguir carreira após participar de programas de visitas em alguns hospitais. Se identificou com o dia a dia, com a rotina de decidiu o que queria da vida.
Terminou os estudos em 1997, no Colégio Rosário em Porto Alegre. Ele conta que seus pais abriram mão de muita coisa para proporcionar um bom estudo para ele e seu irmão. “Fiz dois anos de cursinho, um ano na PUC em Porto Alegre, aos 21 anos, e final do ano fazendo estágio no hospital resolvi fazer vestibular novamente e acabei sendo aprovado na Fundação Faculdade Federal de Porto Alegre, na UFCSPA”, conta.
Além disso, fez estágios fora do país, passou três meses nos Estados unidos e mais três meses em Nova York. “Nesse estágio, pelas situações que presenciei que não imaginava que existiam, voltei decidido que queria ser cirurgião”.
Trabalhou em Campos Borges, interior de Espumoso. “Em Campos Borges, atuei num Posto de Saúde, aprendi muita coisa, naquela época não tinha muita tecnologia. Em seguida, acabei entrando na ortopedia no hospital de Clínicas em Porto Alegre, durante três anos, após isso, descobri e me encantei por cirurgia de mão. Entrei na Universidade Federal de São Paulo, na Casa da Mão, mais dois anos de especialização especificamente em mão e microcirurgia”.
Como surgiu a ideia de vir para Lajeado
Em 2014, veio para a região trabalhar como ortopedista e cirurgião da mão. “A ideia de vir para Lajeado surgiu através da festa à Fantasia e, também, pelo amigo, Daniel Kappler, da Motomecânica. Vinha algumas vezes aqui, antes de fazer faculdade. O CTC também foi um pouco culpado”, brinca. E complementa, “numa dessas andanças encontrei o amor da minha vida, nos conhecemos e decidi vir para Lajeado e tenho certeza que fiz a escolha certa”, revela.
Outra pessoa que contribuiu para a vinda do especialista para a região foi o Dr. Fernando Beckenkamp. “Ele abriu as portas da clínica para eu vir pra cá e sou muito feliz aqui”.
Cirurgias de mão
A cirurgia de mão é uma especialidade dentro da ortopedia. O profissional atua no corpo inteiro, além de cirurgia reconstrutiva, cirurgia plástica, neurológica, traumas (acidentes, fraturas), cortes praticados por serra e, casos mais emblemáticos que são os reimplantes de mãos.
O especialista explica que o polegar é responsável por 80% da função da mão e todo o membro superior é desenhado para a mão trabalhar, para pegar as coisas, contato com o espaço, o toque, a sensibilidade e, por isso, existe a especialização específica para essa área.
“Brinco com os pacientes, não sou plástico, não me preocupo com a estética, não me importo com um raio-x feio, quero meu paciente com a mão funcional, que trabalhe, que possa fazer suas coisas do dia a dia e voltar a sorrir o mais normal possível”.
Hospital Bruno Born
Para Giuseppe de Luca Junior, o hospital vem numa crescente nos últimos anos. “O microscópio que utilizo no HBB é o mesmo que tinha em Nova York. Os fios necessários para as cirurgias delicadas a gente tem, hospital é sempre sensível, um fio mais fino que um fio de cabelo e tem elevado custo, mas temos no HBB. Materiais e equipamentos de melhor qualidade e tecnologia. O hospital nos dá a retaguarda, o suporte que precisamos”.
Vida fora do Hospital
Pai de dois filhos, casado, gosta de futebol e busca levar uma vida normal fora do hospital. Vai ao supermercado, clube, e quando consegue, leva e busca as crianças na escola.
“Mudei minha vida quando meu pai faleceu. Com a partida dele, comecei a ver a vida de outra maneira. Minha família é a minha vida, minha esposa, filhos, mãe, irmão, tudo que faço penso neles”.
E conclui, “para chegar aonde estou hoje, numa situação confortável, muitas pessoas abriram mão de coisas para mim. Às vezes, você ajudar o outro e isso traz felicidade, uma satisfação pessoal de receber um vídeo de um paciente, um sorriso, isso te traz uma felicidade, um bem-estar que não tem dinheiro que pague. Tudo que faço na minha vida e por causa da minha família até as minhas ausências e, algumas vezes, a medicina rouba o tempo da gente. A profissão cobra um preço caro que é o tempo, então, procuro dedicar o máximo do meu tempo pra eles que amo demais”.
Assista a entrevista na íntegra