A combinação de calor e atuação de um ciclone afastado da costa gaúcha resultou em chuva volumosa. Cenário que deixa a região em alerta pelo risco de novos temporais nos próximos dias. Ao longo da semana, são esperados acumulados que podem chegar a até 200 milímetros.
No estado, permanece o aviso da Defesa Civil para altos acumulados de chuva, acompanhados de rajadas de vento, descargas elétricas e trovoadas. A chuva excessiva desta segunda-feira já resultou em inundações e cheias em arroios e córregos.
No decorrer desta segunda-feira, cidades do interior sofreram as consequências das intensas chuvas iniciadas no domingo. Municípios como Boqueirão do Leão e Progresso registraram volumes que ultrapassaram os 90 milímetros, levando ao transbordamento de córregos e afluentes do rio Taquari e Forqueta.
Em Forquetinha, três pontes foram interditadas pela Secretaria de Obras. Tal medida obrigou moradores das Vilas Stork e Haas a buscarem rotas alternativas para seus deslocamentos.
Problemas em Arroio do Meio
Logo pela manhã, o morador Sérgio Schmitz, de Forqueta, constatou alagamentos em lavouras próximas. O episódio foi motivado por uma obra paralisada na VRS-811, que liga Arroio do Meio a Travesseiro. No local, uma galeria não concluída causou o transbordamento de um arroio, resultando em pequenos deslizamentos e invadindo algumas lavouras.
Questionado sobre a obra, o Departamento Autônomo de Estradas e Rodagens (Daer) não se pronunciou até o fechamento desta edição.
Alagamentos em Roca Sales
Por conta da forte chuva, pelo menos duas casas em Roca Sales ficaram alagadas. Com bueiros entupidos, a água não escoou, atingiu residências e surpreendeu moradores da rua José Brock durante a noite.
A família de Odacir e Raquel Irga teve pertences danificados com a água e lodo que entrou na casa, localizada ao lado da Praça 7 de Setembro. A maioria dos itens eram de doações, já que perderam tudo na cheia de setembro, quando a água encobriu toda a residência. A água começou a entrar durante a madrugada enquanto todos dormiam e alcançou cerca de 60 centímetros.

Água invadiu a residência de Odacir Irga deixando muita lama e prejuízo. (Foto: matheus laste)
No local também residem a filha e o genro. Odacir é um microempreendedor individual e trabalha com estofados em Muçum. Material de seus clientes estavam guardados na residência e também foram danificados. A família vive ali há 25 anos e enfrenta esse problema de forma recorrente. “Sempre que chove muito pode acontecer. A prefeitura sabe, mas nenhuma das medidas prometidas resolveu a situação. Perdemos tudo na enchente, e agora perdemos de novo o que tínhamos conseguido nesses dois meses”, lamentou Irga.
A família não tem esperança que a prefeitura possa resolver a situação. “Conversamos com engenheiro e o pessoal da prefeitura quando começaram a fazer a praça, mas eles fizeram o que queriam, e agora temos que viver com as consequências. Com o tempo só ficava pior e nada era feito”, contou Raquel.
Segundo a assistente social do município, Fernanda Jachetti, a família será conduzida para o aluguel social, removida da área de risco. “Depois veremos com eles se vão optar por aderir ao Minha Casa, Minha Vida, ou pelo programa Reconstruir, aí no mesmo local. Com a família em segurança, vamos decidir o melhor caminho para prosseguir”, comentou. Após este episódio, a família pretende sair da cidade.