Quando começou o seu interesse pela música?
Foi na infância ainda. Sou de origem portuguesa, então cresci escutando fado, seresta. São músicas mais complexas e elas aguçaram em mim o lado mais rebuscado das notas. Sempre fui incentivada pela minha família nesse lado artístico, então cantava na escola, me apresentava em CTGs, em concursos, foi assim que a música foi ganhando espaço na minha vida.
Quando decidiu seguir isso como profissão?
Meu avô dizia que eu seguiria na carreira musical. Eu nunca imaginei me tornar uma artista famosa, mas eu sempre permaneci na música, com aquilo que fazia sentido para mim. Aos 18 anos, entrei no grupo Musical Bossa Três, onde cantei até os 26 anos. Aquilo foi uma escola para mim, aprendi muito, cantava desde o axé até o tango. Eu já fiz vários shows, eu componho, inclusive. Minha última tour foi em 2017 e foi muito bacana. Mas acho que a vocação de ser professora me chama mais.
Quando começou a sua escola?
Abri a Escola Nice Porto aos 21 anos, em Encantado. Hoje trabalho em Lajeado, dou aulas de canto, técnica vocal e oratória. Atendo desde crianças, a partir dos seis anos, até adultos. A escola completou 30 anos agora em outubro. Tenho muito orgulho dos alunos que passaram por mim nesse período. Fico maravilhada até hoje com o talento deles. Sempre digo, a técnica vocal desvenda, traz o potencial à tona, ela ajuda a trazer o mais natural da voz.
Qual parte do seu trabalho te deixa mais realizada?
Eu poderia, nesses 30 anos, vir aqui e dar somente a técnica. Mas não é só isso. Sinto que consigo ajudar as pessoas, vai além da música. Ao ensinar as técnicas vocais, eu construo uma relação com os meus alunos, já que precisam confiar em mim. Então, nas aulas, acabo incentivando eles para coisas além da música. Percebo que, conforme avançam, a música mune eles de uma autoconfiança impressionante. Acho que, de certa forma, ajudo as pessoas a alcançar o potencial delas, isso me realiza.
Você acha que a música pode mudar a vida das pessoas?
Nesses 30 anos de escola, percebi como as pessoas têm dificuldade de se olhar no espelho, nunca conseguem manter o olhar em si mesmos. Conforme os alunos desenvolvem o canto e as expressões, acabam trabalhando a própria forma como se enxergam. Isso me motiva. Acho que fico tão feliz em ajudar meus alunos a se desenvolverem no pessoal quanto no musical.