Na semana em que completa 68 anos, a Languiru projeta encaminhar a venda do frigorífico de suínos, localizado em Poço das Antas. À medida em que as tratativas com a multinacional JBS avançam, a expectativa por uma definição aumenta na comunidade regional. Até agora, são cerca de quatro meses de negociações que ocorrem em sigilo.
Está projetada a assinatura de um protocolo de intenções entre a empresa e o governo do estado para o uso de créditos tributários como parte do pagamento. O próximo passo pode ocorrer na terça-feira, 14, no dia seguinte ao aniversário da cooperativa. No entanto, nenhuma das partes envolvidas confirma a data. A compra seria encaminhada pela Seara Alimentos, que faz parte do grupo JBS, por valores que poderiam chegar a R$ 120 milhões.
Um grupo de trabalho foi formado no meio do ano para viabilizar o setor de proteína animal e atua próximo aos movimentos relacionados à crise da Languiru. Líder desta equipe, o secretário de Desenvolvimento Econômico do RS, Ernani Polo, diz que as possibilidades da assinatura ocorrer na terça “são muito remotas”. “Seguem as tratativas, mas não há definições”, acrescenta.
Outra postulante à compra do frigorífico, a Cooperativa de Suinocultores dos Vales (Coosuval) aponta que mantém a estratégia. “Ainda estamos no páreo”, diz o presidente Luiz Bayer. A Coosuval diz ter um processo em tramitação contra a Languiru, onde pede prioridade na negociação da planta. As informações estão sob sigilo judicial.
Quatro meses de fechamento
A unidade industrial da Languiru no município foi inaugurada em abril de 2012 e teve um investimento de R$ 60 milhões. Os abates foram encerrados no dia 30 de junho deste ano, iniciativa prevista no plano de reestruturação da cooperativa, anunciado em maio. Na época, a informação era da existência de duas propostas de empresas nacionais para a aquisição da estrutura, avaliada em R$ 160 milhões.
Em julho, a planta produtiva encerrou as atividades e deixou 620 funcionários desempregados. Além de assumir o frigorífico em Poço das Antas, a JBS atuaria em parceria na planta de abate de aves, em Westfália. A Languiru afirma não ter potencial produtivo para mais de 75 mil cortes diários, então a diferença seria repassada para a empresa multinacional.
Medidas e estratégias
Em entrevista à Rádio A Hora 102.9, o ex-presidente e atual liquidante da Languiru, Paulo Ricardo Birck comentou sobre as ações mais recentes, como o fechamento dos supermercados. “É difícil tomar uma decisão de fechar os mercados, mas deixá-los abertos sem mercadorias também não funciona.”
O gestor explicou que, para abastecer de forma eficiente os seis supermercados que ainda funcionavam, era necessário cerca de R$ 12 milhões.
“Considerando uma margem de mercado de 2,5% a 3%, o investimento retornaria em 18 a 24 meses.” O cálculo foi determinante para a decisão de encerrar as atividades.
No entendimento de Birck, a cooperativa deve voltar às origens. “Prefiro pegar os R$ 12 milhões e injetar no campo.” Tanto é que, em relação ao número de funcionários, houve uma redução significativa, de 3,7 mil colaboradores para 886 no fim de outubro. A Languiru vai manter cinco segmentos: aves, leite, agrocenter, fábrica de rações e grãos.