Você foi escolhido para fazer o mural em comemoração aos dez anos da Casa do Museu de Arroio do Meio. Qual a sensação?
Sou natural do município, mas, até o momento, nunca havia exposto ou pintado algo para a cidade. Isso ocorre porque meu trabalho não é feito em telas e quadros, mas in loco. Fiquei muito feliz com o convite. Agora, após 16 anos de experiência, me sinto honrado em fazer um trabalho personalizado para Arroio do Meio.
Como é o mural?
Para os 89 anos de Arroio do Meio, fiz um painel com a flor de hibisco, símbolo do município, junto com a Ponte de Ferro, marco do turismo na cidade. Do outro lado, em celebração aos dez anos da Casa do Museu, ilustrei o edifício com um pergaminho resguardo, permitindo, assim, visualizar um pouco da história do local. Foram quase cinco dias de trabalho. O mural conta, também, com uma colagem com imagens de todas as exposições que a unidade já recebeu.
Você tem uma relação forte com suas pinturas?
Sim. Cada obra é uma entrega diferente e única. Gosto de ver como elas estão com o passar do tempo. A gente se sente pertencente ao espaço, às vezes são dias para o planejamento e realização. Criar uma arte que marca as pessoas, receber os registros do local, não tem preço. No fim, se a arte vai mudar, ser retirada ou renovada é algo que faz parte do processo. Na minha opinião, acho que elas precisam ser renovadas, é um processo cíclico.
Qual sua maior obra de arte?
A pintura nos silos da Nutritec, do Porto de Estrela. Fiz o projeto junto com outros três artistas. Ela é considerada a maior obra de arte em extensão a céu aberto do mundo. Hoje, estamos no processo de tratativas com o Guinness para oficializar o feito. Tenho muito orgulho dessa obra, do processo de realização e, ainda, da confiança que recebi quando fui escolhido. O mural é a segunda atração do Vale do Taquari mais fotografada, perdendo apenas para o Cristo Protetor.
Fale um pouco sobre o processo de realização.
Foram cinco meses de planejamento, mais nove meses de trabalho. Queríamos que a execução e o resultado fossem os melhores possíveis. Foi um processo difícil, não era uma parede reta, então era necessário adaptar muitas partes da ilustração para que, no final, desse tudo certo. A extensão total é de mais de 9 mil metros quadrados. Para cobrir tudo, utilizamos mais de 5 mil litros de material entre tinta e sprays.