Administrado pela empresa Zona Azul, o estacionamento rotativo em Encantado continua sendo um ponto de debate entre a população e visitantes. Alguns solicitam outras formas de pagamento, outros pedem revisões no aplicativo para facilitar o processo. Reclamações acerca das multas por tolerância ou estacionar fora da linha também ganham respaldo, mas o que chama a atenção é o número de inadimplentes que o sistema registra mensalmente, cerca de 4,5 mil. A lei que instituiu o sistema entrou em vigor em outubro de 2019 e teve alterações em 2022.
Uma das alterações é que o proprietário de veículo estacionado em desacordo receberá notificação por estacionamento irregular na forma de um aviso de cobrança de tarifa. Não quitada a tarifa de pós-utilização, poderá ser aplicada pena que deverá estar limitada ao valor máximo de R$ 5,00. Após a terceira notificação por estacionamento irregular, fica suspenso o prazo de 48 horas para regularização junto à concessionária, caso contrário há aplicação de penalidade de multa e remoção do veículo pela autoridade policial.
Segundo a empresária e vice-presidente da Associação Comercial e Industrial de Encantado, Renata Galiotto, as formas de cobrança são injustas. “Você estaciona na faixa azul por um determinado tempo e com tolerância de 15 minutos. Passado esse tempo, paga R$ 4 para a tolerância. Valor absurdo que provoca nas pessoas um sentimento muito ruim”, desabafa.
Outro fator citado por ela é que caso o condutor estacionar fora da linha, paga multa de R$ 20. “Muitas pessoas não pagam. O sistema rotativo de Encantado precisa ser revisto. Da forma como está sendo cobrado não é justo nem correto”, comenta.
Percepção de quem fiscaliza
O engenheiro da prefeitura de Encantado, Paulo Stapenhorst, faz parte da comissão que fiscaliza o trabalho realizado pela Zona Azul. Esse grupo recebe mensalmente um relatório de faturamento, veículos registrados e inadimplência, que é o grande problema enfrentado no momento. “A média é de 4,5 mil notificações não pagas por mês. Temos até as placas dos dez veículos com a maior inadimplência”, revela. Isso traz consequências para o município também.
“Está previsto em edital um desconto no valor que o Consepro receberia em caso de inadimplência. Então, hoje, de certa forma, o município deixa de arrecadar já que ela está maior do que os valores recebidos com o estacionamento”, revela Stapenhorst. Quanto a reação da população acerca do sistema, Paulo aponta que muitos ainda desgostam, mas aceitam que é uma forma que beneficia a cidade em seu crescimento. “Uma sugestão que fazemos ao comércio é a isenção do estacionamento se o cliente realizar compras de um determinado valor no estabelecimento”, aponta.
Há várias formas de pagamento, seja pelo aplicativo Sigapay, pontos de venda, parquímetros, créditos eletrônicos ou por meio dos colaboradores da empresa que circulam pela cidade. A forma mais prática é por meio do aplicativo que também permite que o usuário faça a regularização de outros veículos além do seu.
Visão da rua
A administradora lajeadense, Marieli Schmitt, 35, reside há 15 anos em Encantado e utiliza frequentemente o estacionamento rotativo. Ela utiliza o sistema de créditos, com os valores debitados de sua conta sempre que utiliza o serviço. Usuária do aplicativo, sua única crítica ao sistema é quanto ao pagamento. “Já aconteceu de não conseguir comprar crédito por alguma falha sistêmica e ter que ir atrás de outro meio para realizar a contribuição”, salienta. Outro ponto que Marieli pensa ser benéfico para a manutenção do rotativo são mais cobradores nas ruas. “Muitos recebem multas porque não encontram nenhum por perto quando estacionam”, complementa.
A comerciante paranaense Tatiane Ceccoe, 39, também elogia as melhorias estipuladas com o estacionamento rotativo, mas reconhece que muitos ainda não avaliam a cobrança com seriedade. “Todo dia vemos pessoas que estacionam sem se importar e saem sem pagar. Pegam o lugar de gente que quer pagar e enquanto o carro não ser guinchado vão continuar com esse comportamento”, aponta.
