Palco aberto para a arte de fazer rir

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Palco aberto para a arte de fazer rir

Grandes nomes do stand up comedy trazem à região a força do gênero e dão espaço para que artistas locais também se destaquem no meio do humor

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Palco aberto para a arte de fazer rir
Artistas nacionais como Gio Lisboa, Afonso Padilha e Rodrigo Marquesboa subiram ao palco do Teatro Univates este ano
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Com a vinda de grandes nomes da comédia nacional para a região, o Vale do Taquari vê crescer a cena do stand up comedy. Na quinta-feira, 19, o humorista Rodrigo Marques se apresentou pela segunda vez em Lajeado. Afonso Padilha e Gio Lisboa também subiram ao palco do Teatro da Univates em 2023. Uma programação de humor ainda é prevista até o fim do ano e fortalece, cada vez mais, o consumo e a produção da comédia na região.

O crescente movimento dá espaço aos novos artistas. Na região, um dos grupos que se destaca é o “Vale uma comédia”, de Lajeado, que, inclusive, é responsável por abrir shows nacionais da Univates. O grupo foi criado em 2021, com os integrantes Rodrigo Sivinski e Jonas Fontoura.

Naquele ano, o pub All In organizava noites de comédia promovidas pelo humorista Gio Lisboa. Sivinski se envolveu na produção de forma voluntária, para entender como funcionava o gênero e conseguir se apresentar.

A ideia era aprender por meio de cursos e escrever textos para outros humoristas. O contato próximo com Gio Lisboa foi um incentivo para que ele se dedicasse à área e formasse o grupo, hoje, composto por ele, Jonas Fontoura, Rodrigo Becker e Cassiá Araújo.

“A gente identificava que Lajeado ainda era uma cena em formação, teríamos que trabalhar de forma regional e em outros municípios e começamos a fazer isso”, conta Sivinski.

Assim, se apresentaram em Encantado, Taquari, Teutônia, Lajeado e Bom Retiro do Sul. “Isso era bom porque fazíamos ao menos um show por mês e íamos nos aprimorando”. Para os bares, também era positivo, porque movimentava os estabelecimentos, mesmo em dias mais parados.

Grupo “Vale uma Comédia” é composto por Jonas Fontoura, Rodrigo Sivinski, Cassiá Araújo e Rodrigo Becker. (Foto: divulgação)

Reconhecimento

No domingo, 15, dois integrantes do Vale uma Comédia, Becker e Fontoura, abriram o show de Gio Lisboa na Univates. Para o dia 29 de novembro, o quarteto também já têm uma apresentação marcada no Gato da Praça, em Estrela, com participação no show solo de Eva Mansk. Becker destaca que o grupo já abriu shows de Afonso Padilha, Diogo Portugal, Renato Albani, Maikinho Pereira, entre outros.

A história dele também vai ao encontro da de Sivinski. Desde criança, assistia a programas na TV, tinha CD de piadas do Paulinho Mixaria, e até fazia imitações de personagens de novelas e apresentadores para a família.

Becker conheceu o stand-up pela internet, entre 2010 e 2011, quando o Custe o Que Custar (CQC) ganhou notoriedade, à época, com Danilo Gentili, Rafinha Bastos e Oscar Filho. Natural de Venâncio Aires, ele não via a cena do stand-up com espaço na cidade. Foi quando se mudou para Lajeado e quando viu as noites de comédia do Gio, que conheceu Sivinski e os dois organizaram a primeira noite de stand up.

A primeira apresentação oficial do “Vale uma Comédia” foi no Gato da Praça, em agosto de 2021. “Foi junto com a Ursa Malgarizi, que consideramos a madrinha do nosso grupo por vir da capital e apostar nessa primeira noite com a gente”, destaca Becker.

Depois disso, os shows continuaram. E a preocupação deles passou a ser com iluminação adequada, bom áudio, assim como estrutura de copa e bar.

Hoje, o principal palco do grupo é o Gato da Praça. Em Lajeado, há algumas semanas, também se apresentaram no Moinho 41, ao lado de Tiano Ott.

Em evolução

O grupo criou o hábito de gravar as apresentações para depois estudá-las, ver o que foi bom e o que pode melhorar. Ao longo dos anos, a mudança é nítida. “Ainda temos muito a evoluir, porque o aprendizado é constante, mas já vejo uma melhora significativa na postura no palco, no modo de entregar a piada, com mais cadência e ritmo, e nos próprios textos”, ressalta Becker.

O trabalho do grupo também pode ser conferido na página do Instagram @valeumacomedia.

Pelos bares

Quando Luís Carlos Cardias de Freitas, um dos sócios do Gato da Praça, em Estrela, recebeu a proposta de fazer uma noite de comédia no bar, sabia que a iniciativa não era popular na cidade. Mesmo assim, resolveu apostar na ideia.

“O público reagiu de forma positiva, sempre buscando informações de quando seria o próximo evento. Ao longo de 2021 e 2022, foram feitas mais 12 apresentações”, conta.

Pelo palco do Gato da Praça já passaram nomes como Marcito Castro, Fantini Adms, Billy Jhoe, Eva Munsk, Ursa Malgarizi e Gio Lisboa, esse com shows consecutivos e lotação.

“Nosso espaço acabou ficando pequeno para essas feras, sempre procuramos incentivar a cultura local, nosso palco sempre está aberto ao stand up comedy, assim como aos artistas regionais, pois acreditamos no potencial da nossa região”.

Em Lajeado, o Volúpia Bar e Espaço Cultural também já promoveu eventos destinados ao stand up, com foco nas mulheres. No ano passado, recebeu as porto-alegrenses Betinna Camara, Thais Pinto e Nelly Coelho.

Uma cena crescente

O gênero tem ganhado força e colocado a região no circuito de artistas nacionais. Só em 2023, o Teatro Univates recebeu oito sessões de comédia, com um total de 6.722 espectadores.

Coordenadora do Setor de Cultura e Eventos da Univates, Mariana Heemann Betti diz que muitos consideram o gênero um fenômeno da indústria do entretenimento. “Enxergamos o novo cenário crescente em todo o país e buscamos parcerias externas de produtores que trabalham com comedy para que a comunidade tenha a oportunidade de estar frente a frente com artistas que costumamos acompanhar nas redes sociais”, ressalta.

Mariana destaca que artistas regionais pioneiros que trazem o cotidiano do interior e das cidades gaúchas, como Badin, Cris Pereira e Jair Kobe ajudaram a difundir o humor e o stand up para diferentes públicos.

Assim, afirma que, quanto mais oportunidade das pessoas acessarem os shows de comédia, mais este tipo de público vai crescer. “Estamos formando plateia que consome humor presencialmente na região, movimento que vem se consolidando nos últimos 20 anos no cenário global”. reforça.

Outro fenômeno que fez o gênero despontar foi a pandemia. Já que, no período, muitos artistas migraram para as redes sociais. Ainda, os que já utilizavam estes canais, ganharam força.

A história do Stand up comedy

1890 a 1930

Surge o vaudeville nos Estados Unidos, tipo de arte que mistura improviso, canto, acrobacia e mágicas;

1935

O norte-americano Mark Twain, autor de “As Aventuras de Tom Sawyer”, começou a palestrar pelo país com falas cheias de humos e diálogo com o público;

1938

Em Nova York, homens começam a criar monólogos inspirados em estereótipos familiares;

1950

O stand-up começa a ganhar a forma que é conhecida até hoje, com piada ácidas. Um dos principais nomes da época é Lenny Bruce;

1960

O “show de um homem só”, que permite também a criação de personagens, foi introduzido no Brasil por José Vasconcellos;

2005

Estreia no Brasil o Comédia em Pé, o primeiro grupo de stand up do país, formado por Cláudio Torres Gonzaga, Fábio Porchat, Fernando Caruso e Paulo Carvalho;

2010

Durante a década, o stand up se estabeleceu e vários clubes de comédia surgiram em São Paulo e pelo Brasil;

2020

Em função da pandemia, alguns comedy clubs fecharam as portas. Agora, o gênero retorna com notoriedade em todo país.

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