A natureza não espera

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

A natureza não espera

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O Rio Taquari não respeitou o luto regional e voltou a inundar ruas de Lajeado e Estrela, especialmente. O impacto da enchente desse fim de semana não se compara à tragédia de setembro, é claro, mas a proximidade entre os fenômenos gerou um inevitável clima de apreensão entre ribeirinhos e moradores de outros pontos alagáveis, além de empresários preocupados estabelecimentos em áreas de risco.

Ao menos 16 famílias deixaram seus lares e se refugiaram em um improvisado abrigo ajustado às pressas no Ginásio Mário Lampert, no bairro São Cristóvão. São famílias que voltaram faz poucos dias para casa, e sequer haviam finalizado a limpeza das residências. Um drama interminável para milhares de crianças, jovens, adultos e idosos. E a prova de que, mesmo após o recente recado, as pessoas seguem vulneráveis perante os – ainda – imprevisíveis efeitos dos fenômenos climáticos. Diante do fato, e na iminência constante de novos eventos pelo El Niño, urge a necessidade de aumentar a cobrança sobre os entes públicos e, assim, acelerar ainda mais o processo de reurbanização.

E a drenagem urbana?

A limpeza dos bueiros é uma necessidade latente nas cidades impactadas pela enchente do Rio Taquari. São diversos os pontos que, a cada nova chuva, alagam de forma desproporcional aos índices pluviométricos. É fato. Muitos canos, galerias, esgotos e bocas de lobo estão praticamente entupidos de lama, entulho e lixo. Aliado a isso, é fato também que o gerenciamento de águas da chuva – e aqui podemos citar a qualidade do pavimento de ruas, das guias e sarjetas, sistemas de detenção e infiltração nos lotes e pavimentos, trincheiras e valas, entre outros mecanismos – não tem acompanhado o crescimento demográfico dos centros urbanos em boa parte do Vale do Taquari. E não estamos falando de investimentos baratos. Hoje, e mesmo dentro do espectro do saneamento básico, a drenagem urbana é responsabilidade única dos municípios. E isso é um problema.

Mais segurança em Colinas

O acesso principal à Colinas voltou a ficar comprometido no fim de semana, com o avanço do leito do Rio Taquari. Como de costume, os motoristas foram obrigados a desviar pela Linha Roncador. E o aumento no tráfego de veículos naquela localidade fez com que mais motoristas percebessem um grave problema no entroncamento da ERS-129 com a referida estrada secundária. Eu explico. O encontro entre a rodovia estadual e a via municipal de estrada de chão fica em uma sinuosa curva, e isso gera um “ponto cego” aos motoristas que trafegam em direção a Estrela, principalmente. E, com as atuais obras de reconstrução da rodovia e de construção da ciclovia, os governos municipal e estadual tem a chance de ouro para garantir mais segurança ao perigoso ponto.

Termos e acertos

Prefeito de Teutônia, Celso Forneck (PDT) reconheceu o erro estratégico e buscou uma conciliação com o Legislativo para votar novamente a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), rejeitada em setembro de forma inédita pela própria base do governo, como uma forma de evitar o repasse de 7% do orçamento municipal à câmara de vereadores. E um texto publicado no site do Legislativo para explicar o recente encontro entre os chefes dos poderes chamou a atenção pelos termos. De acordo com a matéria, Forneck emitiu um “convite enfático” ao presidente da câmara, Vitor Griebeler (PSDB). Ainda conforme o texto, Griebeler evidenciou “seu firme compromisso com o município e sua população neste momento crítico”. Por fim, a Mesa Diretora enfim abriu mão dos 7% e vai se contentar – se de fato a maioria dos vereadores autorizar a votação de uma nova LDO – com os mesmos 3,5% dos últimos exercícios. O que já é muito, diga-se de passagem.

A Lava-Jato e o Novo

Um dos principais personagens da midiática, efetiva e supostamente apolítica Operação Lava-Jato, o ex-deputado federal (foi cassado em junho passado) Deltan Dallagnol assinou filiação com o Partido Novo. O ex-procurador do Ministério Público Federal (MPF) deixou o Podemos, e o debate sobre sua inelegibilidade persiste. Dentro ou fora das próximas eleições, fato é que ele será um cabo eleitoral e tanto para os futuros candidatos do Partido Novo. E isso pouco impactará em Lajeado.

TIRO CURTO

  • A Secretaria de Educação de Estrela trabalha de forma intensa para garantir maior comodidade aos pais e alunos impactados pela trágica enchente de setembro. E uma das principais frentes de trabalho visa garantir a realocação de crianças para as creches mais próximas aos novos imóveis habitados por meio do “aluguel social”. Um movimento necessário, também, em outras cidades.
  •  Prefeito de Estrela, Elmar Schneider (MDB) nomeou os seguintes membros para comporem o Comitê de Investimentos do Regime Próprio de Previdência do Município de Estrela. Daiane Wagner do Couto é a Diretora Presidente; Sabrina Alberton Tedeschi a Diretora Administrativa e Financeira; e Celson José Rambo, Letícia Sulzbach Mallmann, Cláudio Roberto Kuhn e Elisabeth Inês Schmidt compõem o Conselho de Previdência.
  •  O Departamento do Consumidor da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH), o Procon RS e o Conselho Estadual de Defesa do Consumidor (CEDECON) articulam estratégias para atuar na fiscalização dos preços abusivos após as enchentes que atingiram o Estado. Na semana passada, por exemplo, eles se reuniram com a Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção (ACOMAC), que também demonstra preocupação com eventuais abusos.
  • Em tempo. A matéria do fim de semana, sobre os avanços na formatação das chapas e pré-candidaturas para o pleito municipal de 2024, gerou muitos burburinhos nos bastidores. E mostrou uma curiosa realidade: muitos líderes partidários não possuem domínio e/ou conhecimento sobre certas vontades compartilhadas entre os próprios correligionários.

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