Descer a escadaria do salão principal do Clube Tiro e Caça em um vestido de princesa. Na plateia, todos os olhos voltados às debutantes, que aguardam pelo início da valsa e, depois, do baile. Assim será a noite deste sábado, 7, no clube, em Lajeado, que sedia o 58º Baile de Debutantes. Chamado carinhosamente de Debut, a tradicional festa ocorre a partir das 20h e apresenta à sociedade, 20 meninas da região.
Entre elas, está Maria Laura Leipelt Damiani, 14, atraída pelos belos vestidos, pela reunião de amigos e pela diversão. Para ela, iniciar os 15 anos em uma grande festa não era exatamente um sonho, mas nunca deixou de ser interessante.
“Fui no Debut de uma prima, quando eu tinha uns 10 anos. Achei lindo e pensei que queria fazer a festa também. Mas o tempo passou e eu meio que esqueci da ideia”, conta a jovem. Outros planos, como um intercâmbio, chamavam mais atenção da menina, que ainda sonha em estudar fora.
Entretanto, quanto mais o tempo passava e os 15 anos se aproximavam, mais o pai de Maria se imaginava dançando a valsa com a filha. “Eu comecei a pensar melhor e achei a ideia muito boa. Me inscrevi para participar e parece que foi tudo muito rápido desde então. Foi um sonho”, recorda a menina.
Nos preparativos
Desde agosto, as meninas participantes têm ensaios e atividades pelo menos duas vezes por semana. A organização dos convites e dos vestidos fez parte da rotina dos últimos dois meses. “Tentamos adiantar o máximo possível para não ficar muito corrido na última semana”, conta a mãe, Viviane Leipelt.
Para Maria, a festa de pré-debut e a viagem para Gramado foram os momentos mais especiais. Toda a preparação serviu também para que a jovem fizesse novas amizades, já que ela é a única debutante da escola em que estuda, Gustavo Adolfo.

Viviane Leipelt vive o debut com a filha Maria Laura Leipelt Damiani. As duas aguardam ansiosas a noite do baile/ foto: Júlia Amaral
Novo ciclo
Há nove anos na organização do Debut do CTC, Paula Thomas diz ser uma preparação constante para a noite. Este ano, o evento completa 58 anos de história e ela ressalta a importância do baile resistir com o tempo.
“Teve anos com menos procura e agora estamos com 20 meninas debutando. São ciclos”, comenta. Na agenda das meninas desde fevereiro, ela destaca a preparação para o desfile, aulas de etiqueta e como caminhar no salto alto, aulas de valsa e coreografias. Além das festas, noite do pijama e das viagens.
De mãe para filha
Assim, as famílias já começam a viver o debut muito antes da grande noite, e os momentos de preparação unem mães e filhas. Pelos menos é assim para Vanessa Heinen Duarte e a filha Sofia, que debuta neste sábado.
Os 15 anos da filha celebrados desta forma também marcam uma tradição de família, já que Vanessa foi debutante em Santa Cruz do Sul. “Era um sonho da Sofia, mas também um sonho meu”, conta a mãe.
Com a experiência, Vanessa ainda vive as diferenças do evento nos dois clubes e compartilha as próprias vivências com as meninas que participam neste ano. Ela diz serem semanas intensas, mas que valem a pena.
“Acompanhar a Sofia é aprender com ela diariamente e reviver o que eu vivi”. Outro momento marcante na preparação de mãe e filha é o vestido para o baile, que exigiu viagens para a escolha de modelos e tecidos. “Esses momentos tornaram a convivência mais íntima com a minha filha. Ver ela feliz e descobrindo esses detalhes é lindo”.
Sonho de criança
Sofia diz ter expectativas altas para o baile, já que sonha com a noite desde criança. “Minha mãe debutou e, desde pequena, sempre gostei do mundo das princesas e me imaginei debutando. Era uma coisa que queria muito”, conta. Por isso, aproveita cada segundo da experiência.
Ela diz que todos os preparativos são feitos para que as meninas curtam cada momento. Assim, mesmo o ensaio mais longo se torna especial. A intensidade do evento também faz com que as debutantes se tornem amigas e compartilhem a criação de boas memórias.
A voz do Debut
Há mais de 40 anos, o Debut CTC tem o mesmo mestre de cerimônias. Xyko Barzotto é conhecido na região por comandar a festa ano após ano. “Eu sei que tem mães que vão inscrever a filha e pedem ‘eu quero que o Tio Xyko apresente a minha filha, porque ele me apresentou também’”, brinca.
Os vestidos de gala e o smoking se mantêm ao longo das décadas. Mas Barzotto acompanhou as mudanças de geração e percebe que a música tocada nas festas e o tamanho do salto das debutantes já não são mais os mesmos. O que não muda é a emoção.
“Não teve baile no período da pandemia. Pensei que depois disso ia morrer. Que morrer, o quê! Voltou e voltou forte”, conta. Dos momentos mais marcantes, lembra de pais que não puderam ensaiar a dança com a filha e, na hora do baile, se apresentaram, assim como um pai que dançou na cadeira de rodas. Para ele, a festa é uma das mais bonitas da cidade e lamenta que não ocorra em outros municípios.
Beleza e sustentabilidade
Neste ano, o evento também traz um compromisso com a sustentabilidade. Isso porque a decoração, que sempre marcou o baile, ganha um toque especial com a utilização de flores que serão, posteriormente, plantadas pelos jardins do clube.
Em conjunto com a diretoria de sustentabilidade da instituição, a equipe trabalhou para identificar os tipos de plantas utilizadas na decoração e onde elas podem ser colocadas após o evento. Outra medida sustentável que será adotada durante o baile é a utilização de copos de vidro e a separação de resíduos.
O Debut 2023 é uma parceria entre o Clube Tiro e Caça, a Projeta Eventos e Entre A Gente Comunicação. Conta com o patrocínio de Motolândia Toyota, Mocca Fotografia e Florestal Alimentos.

Vanessa Heinen Duarte e a filha Sofia nos preparativos para a grande festa/ foto: arquivo pessoal