Móveis, materiais didáticos, alimentos. A enchente atingiu uma altura maior do que o esperado no Centro Lenira Maria Müller Klein, da Sociedade Lajeadense de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Slan), e o abrigo para os materiais não foi suficiente para evitar o contato com a cheia. Assim que a água baixou, apareceram os estragos.
Depois de um mês, a instituição volta a receber os mais de 300 alunos atendidos no local. As crianças da Educação Infantil já retornaram no dia 18 de setembro. Nessa segunda-feira, 2, foi a vez dos estudantes do contraturno escolar.
Coordenadora da instituição, Sandra Pretto diz ter sido uma das primeiras a entrar no centro localizado na rua João Abott, em Lajeado, depois da enchente. O cenário era de tristeza. “Foi terrível ver tudo o que nós tínhamos destruído. Não tinha uma coisa no lugar. Móveis, equipamentos destruídos, alimentos pelo chão”, descreve.
Sandra conta também terem perdido geladeiras, armários, livros, colchões e brinquedos. “Foi uma dor tão grande, 65 anos de história destruídos pelas águas”. Na noite anterior à cheia, a equipe da instituição levantou todos os equipamentos que poderiam pegar água, de acordo com as previsões. “A gente luta diariamente para poder manter o que se tem e muito é pela comunidade que ajudou. Zelamos muito para que nada acontecesse. Mas, infelizmente, foi uma tragédia”.
Além disso, Sandra diz que muitas famílias atendidas pela instituição também foram atingidas e perderam suas casas. Por isso, além de reerguer a estrutura, o trabalho da Slan também foi auxiliar a comunidade ao redor dos três centros de atendimento da entidade.
O apoio é ainda psicológico e de assistência social. A direção fez visita às residências atingidas para levantar as principais necessidades. As famílias precisam, em especial, de móveis.
Cuidado com as crianças
Sandra ressalta que, com o retorno dos alunos, a preocupação é com a saúde mental das crianças e adolescentes. “Tem cenas terríveis que as crianças passaram. Temos relatos de que algumas ficaram das 3h às 8h em cima de um telhado esperando o resgate. Passava bote, helicóptero, mas não chegavam até eles”.
Ela também cita o frio e a escuridão. “É muito triste tudo o que passaram. Por isso este é outro trabalho bem forte junto com a psicóloga, assistente social, professores”, reforça.
De acordo com Sandra, a equipe deixa que as crianças relatem suas histórias para depois pensarem em ações para trabalhar possíveis traumas.