Qual era a proposta do trabalho de vocês?
Nas aulas de artes, estávamos estudando sobre as vanguardas europeias. A primeira parte era trazer conteúdo sobre esses movimentos artísticos de uma forma não convencional, mais visual. A segunda parte era misturar as características de cada vanguarda e criar uma tela autoral.
Qual a inspiração para o seu trabalho?
Foi uma junção de várias coisas. Eu estava lendo o livro “Intermitências da Morte”, que tem elementos religiosos, por isso tem o Papa no quadro. Usei como referência também a obra “O Inferno de Dante”. Nos meus trabalhos, costumo dizer que tenho fases, e estava na fase de desenhar sapos. Então misturei isso tudo e criei a tela “Um grito a Dante”, que retrata o Papa, no inferno, com uma cabeça de sapo. É uma obra um pouco crítica, talvez.
Já tinha exposto algum trabalho antes?
Não, essa é a primeira vez, inclusive, essa tela foi meu primeiro trabalho com tinta a óleo também. Agora continuo pintando. Uma coisa muito legal desse trabalho foi ver muitos dos meus colegas se interessando pela aula de artes pela primeira vez.
Para você, a arte vai além da sala de aula?
Com certeza. Desde pequeno sempre gostei de desenhar, sou meio autodidata, nunca fiz nenhum curso formal. Hoje, desenho muito em sketchbook, com grafite, nanquim também. A pandemia me aproximou mais da arte, tive mais tempo para criar.
O que a arte representa para você?
Eu sou uma pessoa muito visual. Tenho TDH também e a arte é a única coisa que me permite manter o foco e diminuir o ritmo dos pensamentos. É uma forma de colocar para fora, é meu lugar de escape. Escutei uma frase esses dias e concordo muito com ela: ‘Não é gostar de arte, é precisar dela’. A arte me permite sentir e me conforta.
Além desse trabalho, tem algum outro que é motivo de orgulho?
Confesso que sou bem crítico, sempre acho que poderia estar melhor. Mas gostei muito de um outro trabalho que fiz na aula de artes. O tema era arte abstrata e eu me inspirei numa arte mais biológica. Fiz um retrato e, dos olhos, escorriam formas indefinidas.
Quando se formar, pretende seguir nessa área?
Com certeza vou fazer algo voltado ao visual. Penso em fazer Design. Mas um sonho, claro, seria um dia ter um estúdio, onde eu possa trabalhar e bagunçar à vontade. Em casa, fica meio complicado, é tinta para todos os lados [risos]. Mas sinto que vou seguir nessa área mais artística, sou melhor nisso do que nas outras disciplinas.