A cobrança do prefeito Marcelo Caumo sobre a permanência de quatro famílias no Parque do Imigrante provoca constrangimento para o governo. No arquivo, o mandatário do Executivo lajeadense exige que os desabrigados deixem o ginásio.
O embate ocorreu na manhã dessa segunda-feira. Disponível na internet, o áudio mostra uma discussão acalorada do prefeito. Inclusive Caumo demonstra conhecimento sobre a gravação.
Em meio a afirmações de que não haveria mais alimentação nem condições de mais uma noite para dormir no espaço, o prefeito também realça a disponibilidade de alternativas, como o acesso ao aluguel social e permanência em albergue.
Por outro lado, as famílias destacam dificuldade em conseguir fazer o contrato com imobiliárias pela exigência de um depósito caução e por não aceitarem locação por menos de um ano.
Confira o áudio
Manifestação do prefeito
“É importante trazer o contexto. Desde o dia 4 de setembro nós abrigamos 350 famílias, mais de mil pessoas. A partir do momento em que as águas baixaram, procuramos dar teto seguro para todos. Ontem, ainda tínhamos quatro famílias que não tinham lugar para ir e fui conversar com elas”, diz Caumo.
De acordo com ele, os desabrigados não aceitaram o que o município estava propondo, que era um imóvel pelo aluguel social, ou a Casa de Passagem Shalon. Caso escolhessem essa alternativa, poderiam deixar os móveis no parque, que seria fechado para evitar furtos. “Fomos duros, porque o parque era temporário.”
O prefeito ressalta o acompanhamento diário da assistência social e diz que outras famílias também foram encaminhadas ao Shalon até a construção das moradias. “Das 350 famílias, duas deram problema. Era importante ter uma fala mais dura, porque todos os outros conseguiram um lugar para morar. O município segue pagando o aluguel”.
Abrigo fechado
Na tarde de segunda-feira, 25, por volta das 18h, a última família deixou o Parque do Imigrante. Coordenador da Defesa Civil de Lajeado, Gilmar Queiroz, diz que a logística agora é dar um destino para as roupas que sobraram das doações, assim como mantimentos, materiais de higiene e limpeza. Muitos kits foram distribuídos para os desalojados, mas ainda há materiais no parque.
A ideia é ainda atender os moradores de Lajeado, mas também de outros municípios que estejam precisando. O apoio também vai para outras cidades de fora do Vale que auxiliaram a região. Porto Alegre e Montenegro são exemplos.
“Vários locais do estado nos prestaram essa ajuda e agora é hora de retribuir. A situação aqui continua crítica e vamos continuar trabalhando, tem a reconstrução, a limpeza, mas vamos continuar ajudando quem precisa”, reforça.
Queiroz ainda comenta sobre o alerta recebido na tarde de segunda-feira sobre possível nova inundação. “A gente acompanhou, tínhamos uma previsão entre 100 e 200 milímetros de precipitação, não se confirmou isso tudo, principalmente nas cabeceiras do rio Taquari-Antas”.
Ele diz que a Defesa Civil continua acompanhando os níveis do rio. Em Lajeado o rio está 3 metros acima do normal, e ele não descarta a possibilidade de enchente, mas garante que nas próximas horas o volume estará controlado.