Julho de 2020. A região era assolada pela maior cheia do Rio Taquari em 64 anos até então. Uma morte, milhares de desabrigados e milhões em prejuízos era o saldo da intempérie. Ali, iniciou-se um movimento para criação de sistemas mais efi cientes de prevenção. Três anos e dois meses depois, no entanto, a maior tragédia natural da história do RS aponta para poucos avanços.
O nível do Taquari chegou a 27,39 metros em 8 de julho daquele ano. Dois dias depois, com o rio já no seu leito normal, a Rádio A Hora promoveu um debate com gestores públicos dos municípios mais afetados e um especialista. Entre todos, era unânime a opinião de que era necessário ter mais meios de análise, monitoramento e previsibilidade.
Prefeito de Encantado à época, Adroaldo Conzatti (falecido em 2021) admitiu que o município não trabalhava à época com uma enchente naquelas proporções. Tanto ele quanto Klaus Schnack, então prefeito de Arroio do Meio, defendiam uma maior integração para que eventuais danos em virtude das cheias fossem minimizados.
“O monitoramento e previsão das enchentes deve ser um programa de Estado, não de governo. Projetos integrados com continuidade, sem mudanças em caso de troca de prefeito”, comentou Schnack, na ocasião. O prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo, por outro lado, chente naquelas proporções. apontou para a necessidade de melhorias no processo de remoção de famílias.
Monitoramento insuficiente
Ouvido pela reportagem do A Hora em diversas ocasiões naquela cobertura, o pesquisador e professor da Ufrgs, Walter Collischonn já alertou na ocasião que a medição do avanço das águas apenas no Rio Taquari e a partir de Muçum era insuficiente.
“Falta mais locais para apoiar as equipes técnicas. Falta redundância. Também é necessário estender a capacidade medindo a vasão dos outros afluentes. O monitoramento é precário em toda a bacia. Isso precisa ser melhorado”.
Como encaminhamento, os convidados se comprometeram em criar uma comissão regional, com a participação de universidade, entidades e associações municipais. A ideia era retomar o sistema de monitoramento iniciado por meio de recursos da Consulta Popular na década passada.