Quando iniciou a sua história com a arte?
O envolvimento com a arte se dá por acaso, aos 49 anos, com um bloco de papel e quatro tubos de tinta acrílica nas cores primárias esquecidos. Alguns cursos esporádicos ao longo dos anos, persistência e vontade de se expressar. No percurso, um só mote: espontaneidade; e uma só busca: o belo.
Conte um pouco sobre a sua trajetória…
Nasci e fui criada em Porto Alegre. Em 1966, ganhei bolsa de estudos nos Estados Unidos, onde me formei em Língua e Literatura Inglesa em 1970, pela Universidade de Illinois. Na sequência, me formei em Língua e Literatura Portuguesa na Universidade de Brasília (UnB). Lecionei por 10 anos no Brasil. Passei em concurso para Oficial de Chancelaria. Constitui família e também trabalhei nos Estados Unidos. Me aposentei depois de um acidente grave e fixei residência em Porto Alegre.
O que você está expondo e até quando vai a exposição?
Escolhi para esta segunda exposição as obras que estavam mais perto de mim. Por isso,
muitas das mais recentes. Também procurei diversificar. A exposição será no decorrer do mês de setembro, no salão principal. Tive que ser abrangente e me adequar aos espaços.
Quais são as técnicas utilizadas para produzir as obras?
O termo técnica me constrange. Frequentemente faço uso de sobras e as transformo em obra. A inspiração a encontro no momento. A mão cria o que a alma dita. Não tem desenho nem maquete. O papel e outros ingredientes eu os sovo com esmero. Boto e tiro e os submeto até que se transformem. O papel é cúmplice e, por escolha, meu suporte. O enrugo e o aliso; o amasso e o estiro. O papel é arteiro. A harmonia é ingrediente essencial. A forma, as linhas, as cores e o espaço: tudo tem que concordar. Minha arte é despreocupada, não procura uma razão. É bela sem ser tangente, é construção sem maquetes. Quando figurativa, mesmo assim, é imaginária. Não tem por regra um princípio, nem almeja um certo fim. Sem ser descuidada, é livre. Ora arrojada, ora ingênua: são versos brancos em cor. É o ser todo que pinta o que a alma quer pintar.
Tem alguma obra que se destaca nessa produção, por quê?
Se tivesse que escolher, ficaria com “E o Tempo Levou”, porque nos transporta a um momento distante. Nos induz a meditar sobre a brevidade da própria vida. Nos diz que só a essência permanece. O resto ou o bicho come ou o ser humano consome.