As famílias da comunidade quilombola São Roque, no interior de Arroio do Meio, almejam dias melhores com o recente anúncio da construção de novas moradias. Cerca de 17 famílias estão cadastradas junto à Cooperativa de Habitação Camponesa (Cooperhab), em um esforço coordenado pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
Segundo o professor Lari Hofstetter, coordenador do movimento, os registros foram encaminhados para análise documental na Caixa Econômica Federal, porém, ainda não se obteve uma resposta definitiva sobre os projetos. A comunidade, composta por 26 famílias no total, demonstra grande expectativa em relação à possibilidade de novas moradias.
Uma das inscritas é Ernilda da Silva, moradora há mais de 20 anos na região, cuja casa necessita de reformas substanciais. “Essa iniciativa é uma bênção para todos nós moradores”, afirma. Ela destaca que a esperança por melhores condições de vida levou muitas famílias a deixarem a comunidade em busca de aluguéis em outras localidades.
Hofstetter expressa otimismo quanto à concretização das moradias, considerando que os grupos como o deles são considerados prioritários pelo Governo Federal. O financiamento é obtido através do Programa Minha Casa Minha Vida Rural, cujo lançamento ocorreu em maio pelo Ministério das Cidades. A demanda por melhorias nas habitações foi inicialmente encaminhada pela Emater, após uma solicitação da comunidade.
Sobre a Comunidade
A Comunidade Quilombola São Roque é reconhecida desde março de 2004 pela União, situada no interior do distrito de Palmas. Possui reconhecimento oficial pelo Ministério da Cultura e pela Fundação Cultural Palmares, em virtude de ser formada por famílias remanescentes de quilombos históricos. A origem da comunidade remonta a um ex-escravo, conhecido como Vovô Theobaldo.
A principal fonte de renda das famílias atualmente provém da produção de alimentos. Entretanto, a área de terras íngremes e pequenas propriedades têm dificultado algumas atividades econômicas. Além da agricultura, algumas famílias se dedicam à reciclagem do lixo, diversificando suas fontes de renda.
Para prestar assistência às famílias, a Emater e a Central Pastoral da Terra, afiliada à Mitra Diocesana de Santa Cruz, oferecem suporte em diferentes áreas.
Habitação Rural e Perspectivas Futuras
No Rio Grande do Sul, estima-se que a primeira etapa do programa de habitação rural contemple em torno de 900 projetos. Na região, cooperativas associadas ao Movimento dos Pequenos Agricultores estão encarregadas de registrar as propostas. A aprovação final é de responsabilidade do Ministério das Cidades.
Os subsídios para as habitações variam de acordo com a necessidade e podem oscilar entre R$ 40 mil e R$ 75 mil reais, sendo distribuídos em faixas de acordo com critérios pré-estabelecidos.