Amor, superação e cuidado: os desafios da amamentação

SAÚDE

Amor, superação e cuidado: os desafios da amamentação

Conhecido como "Agosto Dourado", este é o mês dedicado ao debate sobre o aleitamento materno. Entre os principais objetivos da campanha, está a divulgação de informações e o estímulo à amamentação

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Amor, superação e cuidado: os desafios da amamentação

“Não foi planejada, mas foi desejada”. Assim a professora Mariana Lacerda Borba, de 27 anos, define a gravidez do primeiro filho, Matteo. Durante a gestação, ela estudou sobre a maternidade com a ajuda de livros e vídeos. O parto e a amamentação estavam no foco das atenções.

A ajuda de uma consultora de amamentação facilitou a preparação para o momento que Mariana sabia que seria importante. Aos poucos, a família se adapta a cada fase com o novo integrante da família, que hoje tem quatro meses.

“Enquanto estamos em casa, é livre demanda: quando ele quer, dou de mamar. Agora que voltei ao trabalho no turno da manhã, mudou um pouco. Tenho minha hora de amamentação, então, no meio da manhã, consigo dar de mamar,” conta a professora.

Para Mariana, amamentar tem sido uma experiência incrível e, ao mesmo tempo, cansativa. “Nós, mães, nos cobramos muito em relação à amamentação. Ter ao nosso lado uma consultora antes e após o parto faz toda a diferença; elas são essenciais, principalmente para as mamães de primeira viagem,” comenta.

A produção de leite tem sido um dos principais desafios. Mesmo assim, ela percebe a amamentação não apenas como alimento, mas como um momento de criar laços afetivos entre a mãe e o bebê.

Um mês para informar e celebrar

Conhecido como “Agosto Dourado”, este é o período dedicado às campanhas de incentivo ao aleitamento materno, um alimento fundamental fornece os nutrientes necessários ao recém-nascido e o protege de doenças que prejudicam o crescimento e desenvolvimento.

“Além de ser sinônimo de cuidado, é uma forma de aproximar mãe e bebê e de trazer inúmeros benefícios para ambos”, completa a enfermeira especialista materno-infantil e consultora de amamentação Cristiana Bergmann Sgari, 42. A profissional faz parte do programa “Meu Bebê”, da Unimed VTRP.

Conforme Cristiana, a rotina de um bebê e de uma mãe que amamenta deve ser tranquila, com cuidado e apoio. “A mãe deve se alimentar bem, com alimentos saudáveis, boa ingestão de água e muito descanso, pois a rotina é cansativa. Sem uma boa rede de apoio, isso fica inviável e a saúde mental pode ficar comprometida.”

Entre as principais dificuldades que as mães enfrentam, está a falta de apoio, seja da família, de profissionais, ou de instituições, além de dificuldades com pega e posição, questões de anatomia da mama e a falta de informação e preparo.

“Me assustavam os comentários”

Mesmo depois de um mês do parto, Jalussa ainda tenta participar de cursos online

Na rotina intensa de quem se dedica aos cuidados do primeiro filho, agora com um mês, Jalussa Dorst, 35, ainda tenta participar de cursos online sobre cuidados com o bebê. A gestação e o parto foram tranquilos, mas a ansiedade fez parte de todos os momentos.

“Continuei trabalhando até três dias antes do parto e deixei a vida seguir seu curso com naturalidade. A rotina de amamentação era meu maior medo,” lembra. O que assustava, na verdade, eram os comentários de outras mulheres sobre o assunto.

Falta de leite ou “seio empedrado” eram alguns dos maiores medos. Problemas com a pega, por exemplo, foram superados com o passar do tempo e prática. “Eu não imaginava tanto amor, para isso eu sinceramente não estava preparada, realmente só quem tem um filho pra saber a sensação,” comenta.

 

Para receber o primeiro filho, Paula teve acompanhamento de especialistas, encontros e cursos online

“É um momento único”

O sentimento de Jalussa também é vivenciado por Paula Adriana Campeol Hendges, 35. A preparação para a rotina começou muito antes do nascimento. Para receber o primeiro filho, ela teve acompanhamento com especialistas, encontros e cursos online com a equipe da Unimed.

No início, a amamentação ocorria a cada duas ou três horas. Hoje, mãe e bebê vivem a livre demanda. “A princípio, a dificuldade foi descer o leite, no início. Mas no segundo ou terceiro dia já estava conseguindo”, lembra Paula.

A busca por informações com a consultora ajudam a solucionar as dúvidas que surgem durante o processo. Para Paula, o maior benefício da amamentação é a conexão entre mãe e filho. “É um momento único. Sentir ele próximo a mim, me olhando, é uma experiência única.”

 

“Não é intuitivo”

Entre os tantos mitos que cercam o aleitamento, um deles é de que esse é um processo que, assim que a mulher tiver o filho nos braços, saberá naturalmente o que fazer. Para Mônica Cima, 40, não foi assim.
“A rotina de amamentação foi um desafio no início. Quando dizem que amamentar é intuitivo, estão enganados,” afirma. Mãe de primeira viagem, ela se envolve hoje com os cuidados da filha de dois meses.

Para ela, o apoio da consultora foi fundamental. Hoje, a filha se alimenta somente do leite materno mas, no início, Mônica precisou introduzir a fórmula – leite artificial. “Foi uma decisão difícil pra mim, não queria dar fórmula pra ela, mas entendi que no momento, era preciso. Usamos durante três semanas, intercalando com leite materno. E com muito esforço e disciplina, hoje estamos só no peito”, conta.

Mônica garante que a nova experiência da maternidade tem sido de descobertas e resiliência. “Não tem receita pronta, podemos buscar algumas dicas, mas é o dia a dia que vai me moldando mãe.”

Os principais mitos sobre a amamentação

Cristiana Bergmann Sgar, Consultora de amamentação

Algumas mães produzem leite fraco
Provavelmente o maior mito sobre amamentação. Toda a mãe é capaz de produzir o leite com os nutrientes necessários para suprir todas as necessidades do bebê, independente da condição nutricional da mãe. O leite materno é o alimento mais completo que o bebê pode receber. O que pode acontecer é a produção de leite estar baixa, mas isso não está relacionado com a qualidade do leite e é uma questão de fácil solução.

Amamentar é instintivo
Amamentar exige dedicação e preparo, é um aprendizado para a mãe e para o bebê, vai exigir muito mais do que adaptações fisiológicas da mulher, requer calma e paciência no início. É importante que a mulher busque informações durante o Pré-natal e conte com uma rede de apoio bem estruturada, pois os benefícios compensam o esforço.

O bebê precisa ser amamentado a cada três horas
Não há um tempo específico, nos primeiros dias de vida do bebê a mãe deve amamentar em livre demanda e sempre de acordo com as necessidades do bebê.

A mulher que está amamentando não engravida
A amamentação influencia na fertilidade, porém não é um método 100% seguro. Isso porque ao espaçar as mamadas pode ocorrer a ovulação, oportunizando a gravidez. É recomendado que a mãe converse com seu médico sobre métodos contraceptivos indicados para o período.

Recomendação da OMS

A Organização Mundial da Saúde recomenda que os bebês sejam alimentados exclusivamente com leite materno até os seis meses de idade. E que, mesmo após a introdução dos primeiros alimentos sólidos, sigam sendo amamentados até, pelo menos, os dois anos de idade.

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