“A Libras é a voz do surdo”

ABRE ASPAS

“A Libras é a voz do surdo”

Moradora de Teutônia, Mariana Briese da Silva, 26, criou um guia com termos da Língua Brasileira de Sinais (Libras), com o objetivo de facilitar o acesso de pessoas surdas à assuntos da biblioteconomia, área que estuda. O trabalho foi desenvolvido durante o Mestrado do Programa de Pós graduação de Letras (PPGL) da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

“A Libras é a voz do surdo”

Como surgiu o projeto?
O glossário surge durante a elaboração de um outro glossário pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Informação e Memória (GEPIM), do qual faço parte. Com incentivo de uma amiga, surge a ideia, que se torna ainda mais emergente após constatar a inexistência de um diálogo entre a biblioteconomia e a Libras.

Como foi a execução?
O glossário tem como foco principal as pessoas surdas que utilizam a Libras para se comunicar, visando facilitar o acesso dos surdos aos assuntos relacionados à área biblioteconômica, assim como ampliar os horizontes da comunidade surda em relação ao conhecimento de novas áreas de estudo. O glossário é formado por 44 sinais-termos. Para a elaboração, foram selecionados três glossários da área de biblioteconomia, aos quais foram submetidos a um software que permitiu identificar quantitativamente os termos mais recorrentes nesses materiais, sendo selecionados 25 ao total. Agregamos também termos já existentes em Libras, que estivessem relacionados à biblioteconomia, como “livro”, “multa”, “conhecimento”, entre outros. O trabalho foi registrado no Tesauro Semântico Aplicado (THESA), e está disponível de forma gratuita.

De que forma acredita que o glossário possa auxiliar a comunidade?
É preciso que a sociedade reconheça e utilize a Língua de Sinais, para que haja realmente uma inclusão das pessoas surdas, uma vez que a Libras é a voz do surdo. O intuito do glossário é ser visto, acessado e disseminado pelo maior número de pessoas, sejam elas surdas ou ouvintes, falantes ou não de Libras.

Como percebe os resultados do glossário até agora?
Apesar de saber que seria uma enorme contribuição para a comunidade surda, não imaginava tamanha repercussão. Muitas pessoas têm lido o meu trabalho e visitado o glossário, vindo falar comigo pelas redes sociais. Nesse meio tempo, desde que defendi a dissertação, recebi convites para conversas e palestras online, como na Universidade Federal do Maranhão e na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Como percebe a inserção da Libras no cotidiano das pessoas?
Acredito que a inserção da Libras no cotidiano das pessoas se dá, em sua maioria, com pessoas que têm familiares ou amigos surdos, porque geralmente as demais pessoas não se dão conta ou não param para pensar em quais dificuldades as pessoas surdas. Penso que a Libras deveria ser obrigatória desde cedo. Primeiro, porque as crianças têm mais facilidade em aprender novas línguas e, segundo, para que o surdo deixasse de ser um estrangeiro dentro do próprio país.

Acompanhe
nossas
redes sociais