Atraso no desenvolvimento da fala de crianças preocupa profissionais

Lajeado

Atraso no desenvolvimento da fala de crianças preocupa profissionais

Otorrinolaringologista Régis Dewes comenta sobre a importância de estimular a conversa com os pequenos desde a primeira infância. Médico explica que os danos são reversíveis, mas precisa de esforço dos responsáveis

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Atraso no desenvolvimento da fala de crianças preocupa profissionais
Regis Dewes indica os principais motivos do retardo no desenvolvimento da fala (Foto: Mateus Róis)
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Falta de estímulos e de contato com outros indivíduos estão entre os principais motivos do retardo no desenvolvimento da fala das crianças. Esses atrasos passaram a crescer após o período da pandemia de covid-19. Por isso, profissionais da área se preocupam com a situação.

Na última quinta-feira, 1º, Regis Dewes, otorrinolaringologista, foi o convidado de “Nossos Filhos”, programa multiplataforma do Grupo A Hora. Na ocasião, o profissional abordou a importância dos estímulos na primeira infância e o que pode ser feito para reverter a situação de maneira tranquila.

Dewes explica que a fala é a emissão de sons feita pela criança, e depende de estruturas da garganta que produzirão o som. O atraso, então, é quando os pequenos não seguem os marcos tradicionais de desenvolvimento até os três anos.

“Os marcos observados pelos profissionais são a tentativa de conexão de palavras, emissão de sons, e compreensão de alguns conceitos básicos quando alguém se comunica com o indivíduo. Se, com o passar do tempo, não houver a percepção desses sinais, é importante ficar alerta”, frisa.

Segundo o profissional, até os três anos, o cérebro da criança se desenvolve com mais rapidez. Por isso, se não houver estímulos, é muito difícil o indivíduo desenvolver a habilidade.

Além disso, as otites entre os sete meses e os dois anos também são prejudiciais. Dewes explica que, após uma inflamação aguda, a recomendação é buscar por um otorrino. “Caso a secreção produzida não saia, o som começa a ser escutado abafado, prejudicando a criança”, reafirma.

Com relação à pandemia

A pandemia apresentou uma forte influência nessa regressão. O uso de telas está entre um dos principais fatores.

O profissional afirma que, pelo menos, 30% das crianças tiveram algum grau de regressão no seu desenvolvimento, principalmente na questão da fala. Como forma de reverter a situação, estimular a criança e mostrar que ela está num ambiente seguro, auxilia no processo. “A criança precisa do olho no olho”, ressalta.
Dewes acrescenta que, devido ao isolamento, além da falta de estímulos externos, os pequenos perderam a primeira linha de defesa do sistema imunológico. O resultado é uma menor capacidade imunológica, propiciando a infecção dos pequenos.

Retardo da fala x Autismo

Um dos grandes receios dos responsáveis é que o atraso na fala possa significar um Transtorno do Espectro Autista (TEA). Dewes explica que o autismo tem, entre suas principais características, a permanência da criança em seu “próprio mundo”. Então, por mais que essa influência possa existir, nem sempre que houver retardo na fala, será TEA.

Para o profissional, é importante que os pais fiquem mais com suas crianças. Quanto maior o tempo compartilhado com eles, maior a garantia de um desenvolvimento tranquilo. “Oferecer um ambiente com segurança física e afetiva é a melhor solução. A qualidade nem sempre se vê no tempo gasto. É preciso brincar e encontrar um ambiente confortável”, finaliza.

Sintomas de atraso de linguagem

– Não balbuciar por volta dos 15 meses;
– Não falar aos 2 anos;
– Não falar frases curtas aos 3 anos;
– Dificuldade para seguir instruções;
– Dificuldade para juntar palavras em uma frase.
**O atraso deve ser observado com maior atenção se ultrapassar os três anos de idade.

Dicas para incentivar o desenvolvimento da linguagem

– Converse com seu filho desde a gestação.
– Responda ao balbucio do bebê.
– Cante para ele desde bebê.
– Leia em voz alta para seu filho.
– Responda às suas perguntas.

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