O que te traz a Lajeado?
No final de semana passado estava acontecendo em Rio Grande a 52ª Ciranda Cultural de Prendas do Rio Grande do Sul. Sempre foi um sonho meu participar deste evento. Ver as realidades da tradição gaúcha no estado. É diferente para nós lá de longe. Sempre que dá queremos vir para o sul. Aproveitei para rever a família e amigos.
Sua família é do Rio Grande do Sul?
Meu avô veio daqui, de Cruz Alta. Minha mãe também. Ainda temos parentes por aqui.
Como é a cultura gaúcha no Mato Grosso do Sul?
No MS são oito CTGs ativos, já chegamos a ter 15. O número corresponde ao de algumas cidades aqui no RS. Nós dizemos que lá temos o sentimento de saudade. Precisávamos de um núcleo cultural. De um local que nos sentíssemos acolhidos.
Há 50 anos meu avô buscando melhores condições de vida chegou a Dourados. Se reuniu com amigos e tiveram a vontade de montar um CTG. Onde poderiam cultivar a tradição gaúcha e afagar a saudade do Rio Grande. Atualmente a Primeira Patroa é a minha mãe. Venho de uma família que cultua a tradição.
O que leva de aprendizado nessa visita?
Essa foi a primeira vez que vim ao estado sozinha. Vemos que em cada CTG há um jeitinho de cultivar a tradição. Pude ver em alguns locais como Farroupilha, Viamão e Porto Alegre um movimento muito forte. Mas ao mesmo tempo não é nada tão diferente do que vejo em Dourados. A vontade e o propósito são os mesmos.
O que representa ser a segunda prenda adulta do estado?
Eu gosto muito da parte cultural. Digo que um povo sem tradição morre a cada geração. Nós precisamos estudar para entender a cultura. Isso que me motiva. Os concursos de prenda exigem um conhecimento muito elevado da prenda e do peão. Estar representando o MTG do Mato Grosso do Sul é gratificante.
Apesar de estarmos afastados, temos o nosso cotidiano. Lá às vezes as pessoas não nos reconhecem, não sabem o que é uma prenda. Me perguntam se é uma fantasia ou o motivo de eu estar comVSTE um vestido tão grande no calor. Isso me fez querer estar inserida nesse meio. A oportunidade de divulgar a nossa tradição em um local que não está acostumado.
O que mais te chama atenção na cultura gaúcha?
Sempre uso uma palavra: legado. Meu avô é sócio-fundador do meu CTG, o Querência do Sul. Ele passou o gosto para minha mãe e ela para mim e minha irmã. E eu posso passar para as próximas gerações. É isso que me motiva a difundir essa tradição.