Pais compartilham  experiências e desafios da adoção

NOSSOS FILHOS

Pais compartilham experiências e desafios da adoção

Famílias que passaram pelo processo na região recordam histórias e abordam detalhes do dia a dia. Grupo de Apoio à Adoção de Lajeado auxilia pessoas na parte legal e na acolhida das crianças

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Pais compartilham  experiências e desafios da adoção
Pais que já adotaram crianças falam sobre auxílio da Gaal no processo. Grupo foi criado em 2006, em Lajeado. Crédito: Mateus Rois
Lajeado
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Celebrado anualmente em 25 de maio, o Dia Nacional da Adoção surgiu como um chamado à reflexão e conscientização a respeito do ato. Também é uma forma de reconhecer entidades e homenagear famílias que atuam em prol da causa. Caso do Grupo de Apoio à Adoção de Lajeado (Gaal), criado em 2006.

A trajetória do Gaal, bem como a temática da adoção foram debatidos na edição de quinta-feira de “Nossos Filhos”, programa multiplataforma do Grupo A Hora. Participaram Mariana Tuchtenhagen e William Tuchtenhagen, casal com três filhos adotivos, e José Antunes, tesoureiro da entidade e também pai adotivo.

Conforme Antunes, o Gaal auxilia muitas famílias durante todo o processo, seja na parte legal ou na acolhida das crianças adotivas. Pais e filhos adotivos, casais ou pessoas em espera por adoção, profissionais de áreas afins e simpatizantes fazem parte do grupo.

Ele ingressou na entidade em 2013, quando começou com o processo de adoção. Após 6 anos, em 2019, foi agraciado com a criança. Destaca que a instituição ajudou a tornar a espera menos angustiante. “É um desafio grande, mas maravilhoso. Preenche a vida do casal, e dá uma nova perspectiva de vida.”, comenta.

Sem pressa

Já para Mariana e William, o desejo de ter filhos sempre existiu, fossem adotivos ou por gestação. Mariana comenta que deram início ao processo há cinco anos. “Não tínhamos pressa, isso é o mais importante. Não adianta entrar na fila querendo um filho para amanhã. É preciso conversar com assistente social, pais que já passaram pelo processo, e principalmente, se informar”, afirma.

William acrescenta que o tempo de espera foi indispensável para que conseguissem se preparar para o processo. “Quando se quer ter filhos adotivos, há o desejo, mas nunca se está preparado. Por isso, participar do Gaal foi muito importante. Tivemos palestras e auxílio, e percebemos que esse tempo de espera é muito importante”, comenta.

O casal afirma que o momento em que receberam a ligação com o anúncio da chegada das crianças foi um dos mais felizes de suas vidas. Antunes ressalta que o sentimento é mútuo. “Você nunca espera a ligação. Quando ela chega, é uma emoção gigantesca”, explica.

Desafios diários

Em 1965, houve a instituição do Sistema Judiciário como detentor da liberação das adoções. Assim, as crianças adotivas passaram a ter os mesmos direitos que um filho legítimo. “Ser filho de sangue ou adotivo não muda em nada. O amor e o apego são os mesmos, não tem porque diferenciar”, afirma Antunes.

O tesoureiro adiciona que existem, no Brasil, 5 mil crianças aptas à adoção e cerca de 35 mil casais na fila de espera. Comenta, porém, que existe um índice significativo de devolução de crianças. O Gaal se mostra presente nessas horas, auxiliando no processo, nas trocas de experiências, e na preparação dos pais.

Para Mariana, o momento mais difícil foi o preenchimento da ficha de descrição para escolha. “Um filho é um filho”, comenta. Agora, já com os filhos em casa, ressalta que o reconhecimento do nome afetivo em locais como postos de saúde e escolas é um grande desafio para os pais. “Lutamos para eles serem reconhecidos pelo nome afetivo”.

Adaptação

Coragem é a palavra que William descreve necessária para o processo. “É muito gratificante, mas por mais que haja preparo, você nunca está realmente pronto”, comenta. Ele explica que, hoje, eles já estão morando juntos há 4 meses, e William não consegue ver a vida sem a presença dos três.

Durante o processo de adaptação, Mariana percebeu que impor limites é muito importante. Ela explica que o primeiro mês foi passado dentro de casa para que todos pudessem se adaptar à nova rotina que seria estabelecida. “O mais importante agora é que a gente crie um vínculo. A vinculação vem através do respeito, e o respeito vem através dos limites”, afirma.

O casal também comenta que, ao longo desse período, ter tido uma rede de apoio foi essencial. Mariana explica que ter tido compreensão de pessoas próximas até que estivessem prontos para apresentar as crianças foi indispensável. William acrescenta que, pelos pequenos serem de outra Comarca, o entendimento da empresa em que trabalha também foi muito bom.

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