“Os casos não pararam de acontecer. Apenas as denúncias que diminuíram”

NOSSOS FILHOS

“Os casos não pararam de acontecer. Apenas as denúncias que diminuíram”

Edição de quinta-feira abordou o Maio Laranja. Profissionais explicam quais os cuidados com crianças que já sofreram algum tipo de abuso e como evitar esses acontecimentos

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“Os casos não pararam de acontecer. Apenas as denúncias que diminuíram”
Profissionais apresentaram dados da violência contra crianças e adolescentes. Crédito: Luísa Huber

O dia 18 de maio marca, em todo o país, uma luta diária da população: o combate ao abuso e à exploração sexual infantil no Brasil. Por isso, a edição de quinta-feira passada de “Nossos Filhos”, programa multiplataforma do Grupo A Hora, debateu a temática.

Na ocasião, a assistente social e coordenadora do Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas) de Lajeado, Bárbara Weber, e a assistente social do Poder Judiciário em Lajeado, Renata Turcato, falaram sobre a importância do assunto e os cuidados com a criança.
Bárbara explica que a data existe no cenário legal brasileiro desde os anos 2000. Em adição, no ano de 2021, em Lajeado, entrou em vigor a lei que

institui o “Maio Laranja” como mês que visa mobilizar a sociedade sobre o tema. Durante a ação são promovidos trabalhos de sensibilização e intervenções nas escolas.

A profissional acrescenta que há uma expectativa de que crianças vítimas de abuso possam vir a se manifestar com essas iniciativas, além de possíveis testemunhas. “Qualquer tipo de violência se perpetua no tempo por conta do silêncio das vítimas, mas principalmente das testemunhas”, afirma.

Para facilitar esse processo, em conjunto com outros profissionais, foi criado um projeto-piloto para adiantar o fluxo de informação. A partir do contato com o Conselho Tutelar, os dados são repassados para a Polícia, que logo aciona o Ministério Público.

Segundo Renata, após feita a denúncia, a criança já é encaminhada ao Poder Judiciário na sistemática de “produção antecipada de prova”. Assim, o depoimento já fica salvo, garantindo que o indivíduo não precise reviver o trauma, além de evitar que possa haver alguma alteração dos fatos.

Todo apoio é necessário

A partir da quebra do silêncio da vítima, chamado de revelação, e da busca pelas autoridades. Renata é quem faz a escuta judicial das crianças. Ela explica que o depoimento especial é muito delicado.

“A forma como se elabora a pergunta é extremamente cuidadosa. Nós tentamos revitimizar o mínimo possível a vítima. Não existe processo de depoimento sem danos, o que estamos tentando fazer é diminuí-los”, afirma.

“Cabe a todos nós proteger a criança para que isso não aconteça mais. Ela precisa de acolhimento e saber que a culpa não é dela. Não há nada que justifique ela ter sofrido essa violência sexual”, acrescenta Renata.

O acompanhamento após a denúncia é feito pelo Creas ou, em municípios menores, via Cras. Bárbara explica que, além da criança, a família também precisa de apoio e força para auxiliar a vítima, principalmente quando o abusador é alguém próximo. “Depois da revelação, tendem a acontecer muitas mudanças de endereço, sociais e de relações”, explica.

Ambas as profissionais acrescentam que a internet também é uma via dos abusos. Muitos jovens se relacionam sem saber quem está do outro lado da tela. “A internet é um ambiente muito fácil de ganhar a confiança de uma criança se ela não estiver sendo monitorada no seu uso”, comenta Renata.

Auxílio da escola

Quem abusa nunca vai admitir que está fazendo algo errado, então auxiliar os pequenos na compreensão do que é certo e errado é fundamental. “É impressionante o número de crianças que entenderam o que estava acontecendo com elas após aprenderem educação sexual na escola”, finaliza Renata.

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