Painel em Lajeado debate futuro do país

ORGANIZADO PELA FECOMÉRCIO

Painel em Lajeado debate futuro do país

Evento ocorre na terça-feira, 16, às 18h30min no teatro do Ceat. Mudanças no governo, momento econômico e relações sociais impactadas pela internet sustentam edição do “Giro pelo

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Painel em Lajeado debate futuro do país
Fernando Schüler/ Crédito: Divulgação
Lajeado

Um novo governo, um novo cenário político-econômico. Com o tema “Brasil 2023: para onde estamos indo”, o Giro Pelo Rio Grande, evento promovido pela Fecomércio, debate os rumos do país.

O evento ocorre na próxima terça-feira, 16 de maio, no teatro do Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat), a partir das 18h30min. Os participantes serão: o cientista político Fernando Schuler e o consultor econômico Marcelo Portugal. O painel terá na mediação o presidente da entidade, Luiz Carlos Bohn, e o economista e gerente de Relações Governamentais da Fecomércio, Lucas Schifino.

No debate, serão tratados temas como: liberdade de expressão, relação entre poderes e a montagem da base de apoio do governo no Congresso. Os painelistas avaliam ainda cenários econômicos, tendências da reforma tributária, o combate à inflação e o fim das privatizações. A inscrição é gratuita pelo portal “Giro pelo Rio Grande”.


ENTREVISTA – Fernando Schuler • doutor em filosofia, especialista em políticas públicas e gestão governamental

“A sociedade é um conflito permanente”

A Hora – O debate da próxima terça faz um paralelo sobre as mudanças no país e o que se pode esperar. Em cima disso, o que podemos esperar do futuro governo?

Fernando Schuler – O Brasil é um país do zigue-zague, como costumo dizer. Nos últimos anos, houve uma orientação mais neoliberal e reformista, com medidas como a autonomia do Banco Central e reformas. A da Previdência, a Trabalhista e a Lei do Teto de Gastos. Essas políticas foram apoiadas pelo Congresso e tinham como premissa melhorar a regulação das políticas.

Nas últimas eleições, houve uma mudança de direção. O governo atual contesta a privatização da Eletrobras, por exemplo. Pretende rever o marco do saneamento e anunciou a intenção de rever a reforma trabalhista e o teto de gastos. Também houve alterações na lei das estatais, diminuindo as restrições para ingresso de políticos nessas empresas. Essas mudanças indicam uma nova visão política e econômica, que dá mais espaço para as empresas estatais. É necessário um debate claro e técnico para entender o que está acontecendo e avaliar os diferentes modelos e direções que estão sendo propostos.

– Na eleição do ano passado, o debate ficou mais em valores do que no entendimento sistêmico dos modelos políticos e da gestão pública. Até que ponto as paixões ideológicas interferem as a escolhas na política?

Schuler – O tempo inteiro. Esse é um tema da democracia em todo o mundo. Hoje, há muita informação e agora com a inteligência artificial, nem sabemos onde isso vai parar. Isso trouxe uma ampla possibilidade às pessoas se expressarem. Isso é positivo, pois democratiza a informação, mas também gera um aumento no barulho, no ruído e nos embates.

As redes sociais e as plataformas online permitem que milhões de pessoas expressem suas opiniões de forma imediata e superficial, muitas vezes sem tempo para uma análise aprofundada dos assuntos. Além disso, o uso de algoritmos pelas grandes empresas de tecnologia pode direcionar as pessoas para conteúdos que reforçam suas próprias visões e opiniões.

– A proposta de regular, no chamado projeto das fake news, contribuiu ou atrapalha?

Schuler – Ter uma comissão para analisar e definir o que é verdade, o que é discurso de ódio e o que pode ou não é muito subjetivo e perigoso. Essa tentativa de regrar os discursos e controlar o que as pessoas podem ou não expressar gera mais polarização. Quando se entra nestes aspectos, é perigoso, pois pode soar mesmo como censura. No fundo é uma discussão de valores, do tipo de sociedade que queremos, do tamanho da liberdade que vai vigorar no país.

Como as pessoas divergem, consideram algo inaceitável, como não há acordo, querem regular. A sociedade é um conflito permanente. Isso não tem solução. Ou nós vamos aceitar a ideia de que vivemos em um mundo onde as pessoas pensam de maneira diferente, e temos de aprender a conviver com isso, com um pouco mais de cortesia, de elegância e tolerância.

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