“Se tu ama o que faz, tu se sente completa”

ABRE ASPAS

“Se tu ama o que faz, tu se sente completa”

A arte está presente na vida de Marli Terezinha Lenz Bender desde sempre. Aos 76 anos, Marli coleciona dezenas de obras, em especial, pinturas em tela e porcelana. Nascida em Santa Clara do Sul, foi em Lajeado que construiu sua história. Aqui, sempre rodeada pelos pincéis e tintas, Marli formou família e se dedicou a sua vocação artística.

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“Se tu ama o que faz, tu se sente completa”
Crédito: Raica Franz Weiss
Santa Clara do Sul
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Quando começou a se interessar por arte?

Sempre gostei de pintar e desenhar. Na época de escola, era muito caprichosa nos meus cadernos e trabalhos. Foi durante a adolescência que fiquei sabendo sobre uma aula de pintura. Junto com uma amiga, comecei a fazer cursos na área. Um dia descobri a arte em porcelana. Vi uns azulejos e experimentei a técnica do canetado, percebi que tinha a mão firme para isso. Depois comecei a fazer em louças e não parei mais.

Explique um pouco como funciona a pintura em porcelana.

É muito trabalhosa. Em especial, porque precisamos levar a peça ao forno após cada etapa. E toda vez, temos que deixar esfriar por horas. A primeira coisa que faço é sempre o fundo, então levo ao forno. Faço o canetado, a pintura e cada cor precisa ir para o forno. Às vezes escorre a tinta e preciso começar do zero. Tem uma peça, que retrata um faraó egípcio, que levei por mais de 100 horas no forno, fora todo o trabalho de pintura.

Quando transformou essa arte em uma fonte de renda?

Na verdade, acho que já começou com a minha família. Me mudei para Lajeado com meus pais aos oito anos. Eles tinham a Casa Lenz aqui na cidade. Ali, eu sempre era chamada para grafar os nomes, datas e mensagens nas alianças e jóias. Diziam que eu tinha um traço bonito. Me formei professora, mas não cheguei a dar aulas.

Pensei em ter um ateliê, mas a ideia nunca foi adiante. No entanto, nunca parei de pintar, transformei a pintura, de certo modo, na minha profissão. As pessoas sempre encomendaram telas de mim. Meu marido sempre me apoiou muito, ele ia junto colocar as molduras. Não tenho telas repetidas, cada uma é única.

Qual a sua obra favorita?

Gosto muito de um quadro que tenho na minha casa, com flores em um vaso. É simples, mas bonito. Gosto porque a maioria dos artistas não gosta de pintar flores, é algo mais para iniciantes. Lembro também de uma tela que sonhei e acordei no meio da madrugada. No outro dia comecei a pintar. Até hoje, o quadro está na cabeceira da nossa cama. Já o meu marido, Ivan, nunca esquece de um quadro que fiz um pouco antes de casarmos. Passei muitas tardes naquela obra, tinha mil e seiscentos quadradinhos, que formavam um mosaico. Ele ia pro futebol e eu ficava pintando.

Qual a sua inspiração?

Tudo me inspira. Sempre fui muito detalhista, então minhas obras carregam muitos significados, quando montava o desenho, eu analisava o contexto e fazia pesquisas sobre o assunto. Hoje já não consigo mais pintar, faz pouco mais de dois anos que tive um problema no braço, por causa dos movimentos repetitivos. Mas sinto saudade e quero voltar. Quando eu pinto, não sinto o tempo passar, quando vejo, já é noite. Sempre digo, se tu ama o que tu faz, isso te dá paz, tu se sente completa. Não precisa de mais nada.

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