A saída de trabalhadores e máquinas da Eurovias dos canteiros de obras da BR-386 completa hoje duas semanas. Apenas serviços pontuais são feitos, como a pintura da sinalização na pista e instalação de proteção em passarelas. A informação por parte da responsável pela concessão, CCR Viasul, continua a mesma, de reavaliação dos contratos com empresas terceirizadas, entre as quais a própria Eurovias, responsável pela duplicação na rodovia.
Tanto que nos últimos dias, técnicos da concessionária faziam vistorias em locais da instalação da nova pista, entre Marques de Souza e Lajeado. Eles avaliavam a dimensão das obras, acabamentos, instalação dos pontos para drenagem de água e outros detalhes.
Enquanto isso, motoristas enfrentam congestionamentos nos horários de pico. O ponto mais crítico fica entre Lajeado e Estrela, local em que ocorria a ampliação da pista. Conforme a CCR Viasul, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) foi informada sobre a interrupção das obras.
Sobre o cumprimento do prazo para liberação do trânsito, pré-agendado para julho, existe possibilidade de atraso. Para evitar multa ou redução na tarifa de pedágio, é preciso autorização federal para rever o cronograma. Essa revisão no acordo com a agência perpassa o detalhamento sobre as intervenções e futuro da obra. Um novo prazo só ocorre após a reavaliação dos serviços. De oficial, a concessionária afirma que “trabalha para retomar a duplicação o mais rápido possível.”
Pelo contrato, são 20 quilômetros de novas pistas. Deste total, 14 foram concluídos. A ampliação da capacidade da BR-386 começou em junho de 2021. A CCR Viasul venceu o leilão para gerir as Brs 386, 101, 290 e 448 em novembro de 2018. O contrato faz parte do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e a empresa terá de investir mais de R$ 7,8 bilhões durante os 30 anos de concessão.
Demissões confirmadas
Em 12 de abril, funcionários da Eurovias guardavam materiais e equipamentos em um canteiro de obras nas proximidades do Shopping Lajeado. Naquele dia pela manhã, encarregados pelo trabalho dos operários reuniram a equipe e afirmaram que a empresa estava se retirando da duplicação.
A ordem era organizar o local, recolher equipamentos e máquinas.
Alguns trabalhadores foram encaminhados para outros pontos, inclusive para cumprimento de contrato com outra concessionária, a Sacyr, responsável pelas obras na RS-287, entre Tabaí e Santa Maria.
Naquele momento havia inclusive a informação de que aconteceriam dispensas. Uma suposta lista de demissões era o assunto entre os trabalhadores. Em 14 dias, foram pelo menos 100 desligamentos, entre aqueles que estão em aviso-prévio e outros já afastados.
A reportagem contatou a Eurovias e não obteve retorno. O acompanhamento sobre o cumprimento da legislação trabalhista é feita pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada no RS (Siticepot).
A empresa tem até dez dias depois das dispensas para pagar as rescisões. Do contrário, o sindicato ameaça ingressar com um pedido de liminar para bloquear com ação pedindo o bloqueio dos valores devidos aos ex-funcionários tanto contra a Eurovias quanto a CCR Viasul.
