“O pilar que nos sustenta desde o início é a seriedade”

O MEU NEGÓCIO

“O pilar que nos sustenta desde o início é a seriedade”

Empreendedor desde o fim da década de 1970, José Zagonel fundou uma das construtoras mais bem-sucedidas do interior do RS. Com trajetória reconhecida também em entidades voluntárias e associações, recebeu o título de Cidadão Lajeadense no ano passado

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Atualizado quarta-feira,
19 de Abril de 2023 às 09:48

“O pilar que nos sustenta desde o início é a seriedade”
Nascido em Marques de Souza, Zagonel começou a empreender construindo a casa de um amigo. Crédito: Mateus Souza
Lajeado

Foi do desafio de construir a residência de um amigo que surgiu uma das principais empresas do setor do interior do RS. Em 1977, o jovem José Zagonel dava os primeiros passos como empreendedor no ramo da construção civil, em Lajeado e, pouco a pouco, ingressou em outras cidades, regiões e até fora do estado.

Com mais de 45 anos de atuação no mercado, a Construtora Zagonel é, hoje, uma referência no setor. A trajetória foi contada pelo fundador em “O Meu Negócio”, programa multiplataforma do Grupo A Hora. José Zagonel também destacou a atuação voluntária comunitária, com a contribuição para mais de 20 entidades ao longo dos anos, e que lhe renderam o reconhecimento da Câmara de Vereadores. No ano passado, recebeu o título de Cidadão Lajeadense.

Nascido em Marques de Souza, Zagonel viveu durante toda a infância e adolescência no interior, em Picada May. Desde cedo, ajudava a família nas tarefas da propriedade. “Cuidava dos terneiros já com cinco anos. E com 8 anos comecei a frequentar a escola, em Tamanduá. Eram 5,5 quilômetros de distância. As vezes ia pé, e também a cavalo”, recorda.

Zagonel estudou no Estrela da Manhã e, lá, aprendeu diversas técnicas para atuar no meio rural. “Lá se aprendia muita coisa, como fazer horta e também a criar suínos. Foi lá que se modificou a genética suína no país, com a chegada de alunos descendentes de austríacos. Entraram outras raças que melhoraram isso”, recorda.


Nascido em Marques de Souza, Zagonel começou a empreender construindo a casa de um amigo. Crédito: Mateus Souza

Entrevista | José Zagonel • diretor da Construtora Zagonel

“Perceber a emoção, a satisfação do cliente, não tem preço”

Rogério Wink: O que esse ambiente escolar e de gestão de propriedade te ajudou como empresário?

José Zagonel: Em tudo. Lá, a gente desenvolvia a liderança. Preparava o professor para ser líder na comunidade onde iria atuar. Fiz estágio em Olarias e depois continuei estudando, mas aí fiz o técnico em Contabilidade.

Wink: Qual a importância dessa formação?

Zagonel: Os números são relevantes na vida de qualquer empreendedor. Nós crescemos porque fomos audaciosos, e não ficamos olhando apenas para a planilha. Tinha que meter o peito e ver o que vai dar certo. E quando você acredita e trabalha muito, dá certo. Se tiver muita inspiração e muita transpiração, vai ser um sucesso.

Wink: O que você passa aos seus filhos de ensinamentos?

Zagonel: É importante que eles levem, e tenho certeza que vão levar isso aos seus filhos, a seriedade, a honestidade, de sempre fazer um bom negócio para os dois lados, de respeitar as pessoas. Esse legado fica. E um valor fundamental é trabalhar e saber economizar. Não adianta pegar uma empresa e achar que tudo é muito fácil. Qualquer descuido pode ser fatal.

Wink: Quem era o amigo que pediu para você construir a casa, no início da construtora?

Zagonel: O Ari Bagatini, um colega de república. Gente boa, nos entendíamos bem. Era como um irmão. Eu construí minha casa no Florestal com dinheiro emprestado do pai e dos tios e, como achei que tinha certo conhecimento, aceitei. Tinha quatro colaboradores, fiz uma empreitada de mão de obra e fui tocando a casa dele. Em seguida, entrou o contador, o meu cunhado, e assim começou a história da antiga J Zagonel.

Wink: E quando passou para o segundo estágio?

Zagonel: Nós iniciamos as atividades em 1977, e em 1988 fizemos o primeiro empreendimento, na rua 25 de Julho. Era um terreno do saudoso Paulo Heineck. Fizemos uma permuta, aí começamos a construir. Em seguida, fomos para o Hidráulica e fomos indo. No início, só prestava serviços de mão de obra, depois que começamos a empreender.

Wink: Qual o pilar que sustenta a Zagonel?

Zagonel: O pilar que sustenta desde o início é a seriedade. É passar confiança para o cliente. A preocupação em fazer a obra bem feita, com qualidade. Tem gente que compra um único imóvel na vida, e essa pessoa merece um imóvel de qualidade. Tem que durar. Fizemos isso em Santa Cruz. Desafiamos a Caixa a trazer algo parecido com o nosso. Nós sempre entregamos mais do que prometemos.

Wink: Qual a sensação que te dá quando olha nos olhos dessas pessoas?

Zagonel: Lá a gente esquece tudo. Claro que a empresa precisa de resultados, mas perceber a satisfação, a emoção do cliente não tem preço. Não há nada que possa descrever a alegria de poder surpreender o cliente e satisfazê-lo.

Wink: Como foi entrar nessa praça de Santa Cruz, que é germânica e mais conservadora?

Zagonel: Em Santa Cruz, ou eles te abraçam ou te chutam. E nós fomos muito abraçados. É aquela coisa da simplicidade, de não querer ser melhor do que ninguém. Fomos comendo pelas beiradas e nos estabelecemos.

Wink: E Gramado, que é uma cidade turística, com plano diretor organizado em função disso. Como foi?

Zagonel: Em 2003, compramos o primeiro terreno, onde hoje é Centro, mas na época era longe e não tinha muitos atrativos. Depois fomos para um segundo empreendimento, mais distante. Foi um pouco difícil de vender. Agora negociamos um terreno grande para novos empreendimentos. Lá, a maior parte dos nossos clientes são pessoas de fora, do país inteiro.

Wink: Hoje, quantos apartamentos estão em construção?

Zagonel: São 470, entre Lajeado, Santa Cruz, Gramado, Porto Alegre e Mato Grosso. Nosso processo de vendas é quase todo por imobiliárias. Temos parcerias e também alguns contatos diretos, mas a grande maioria é nas imobiliárias.

Wink: Você atuou e ainda participa de muitas entidades. Qual a importância disso?

Zagonel: Sempre fui muito participativo. Ajudei e continuo ajudando muito. E o trabalho voluntário é muito relevante. A satisfação é muito grande, muito maior de quem faz um trabalho, ou doa alguma coisa, do que de quem recebe.

 

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