Sem asfalto e em área de inundação, acesso gera críticas

OBRAS NA BR-386

Sem asfalto e em área de inundação, acesso gera críticas

Com a duplicação da rodovia, o trevo deu espaço a travessia debaixo de pontes. Risco de alagamento e falta de pavimentação são os principais apontamentos de motoristas e lindeiros

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Sem asfalto e em área de inundação, acesso gera críticas
Crédito: Fábio Kuhn
Marques de Souza

As condições do acesso principal geram críticas entre os moradores de Marques de Souza e Travesseiro. Com modificações a partir das obras na BR-386, o novo traçado prevê o uso de estradas de chão batido e retorno em nível próximo de áreas de inundação. Em busca de alterações, autoridades locais e representantes do comércio se reúnem amanhã, às 17h30min, na câmara de vereadores.

O grupo avalia recorrer ao Ministério Público após falta de respostas sobre adequações no trecho. Entre os pedidos estão a pavimentação das alças de acesso e melhorias na sinalização do local. Hoje, quem ingressar de Marques de Souza na BR-386 em direção a Lajeado precisa percorrer cerca de 700 metros em estrada não pavimentada. O mesmo vale para quem trafega no sentido Norte-Sul e ingressa na cidade.

Além da falta de pavimento, líderes locais alertam para o alagamento. Segundo moradores, o represamento do arroio Tigrinho e Sanga Diesel podem vir a bloquear a passagem. Com isso, o retorno seguro mais próximo fica em Tamanduá e outro em Picada Flor, ambos distantes cerca de oito quilômetros.

Segundo a concessionária, o projeto não contempla a pavimentação dos acessos na área central de Marques de Souza. Contudo, assegura a manutenção da estrada. A CCR ViaSul reitera ainda que os trabalhos nesse trecho foram finalizados e as demandas encaminhadas à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a qual ainda não se posicionou.

Alça para a BR-386 conta com trecho de estrada de chão em área de inundação. Condição desafia motoristas . Crédito: Felipe Neitzke

Preocupação da comunidade

A reunião desta quarta-feira, 19, visa traçar estratégias sobre o acesso de Marques de Souza e Travesseiro. De acordo com o vereador e presidente da comissão que acompanha as obras na BR-386, Amenófis Stacke, foram feitas várias reuniões com a CCR ViaSul para tratar do assunto.

“A concessionária atendeu alguns dos pedidos, mas essa parte do pavimento é algo que ficou para trás e gera muita preocupação na comunidade”, observa Stacke. Segundo ele, as condições do trecho podem incentivar que mais motoristas façam manobras em locais sem essa finalidade, o que elevaria o risco de acidentes.

Stacke indica o elevado fluxo durante o verão e possíveis gargalos no local. “Nessa área temos dois campings e a alça de acesso é também a estrada até esses pontos turísticos.” O vereador fala ainda da preocupação de eventuais impactos ao comércio local pela dificuldade da população acessar o centro.

Suspensão dos trabalhos

O temor de que a ligação da cidade com a BR-386 fique da forma como está é ainda maior diante da paralisação dos trabalhos de duplicação até Lajeado. A medida decorre da revisão de contrato entre concessionária e terceirizada. Com isso, a expectativa é que o trecho seja entregue somente no segundo semestre.

Para o prefeito de Marques de Souza, Fábio Mertz, a obra é fundamental ao desenvolvimento do Vale, contudo há aspectos a serem resolvidos. “A alça de acesso entregue não condiz com a entrada de uma cidade.” Mertz destaca também as várias tentativas de alterar o projeto. “Não há nenhum aceno no sentido de avaliar nosso pedido. Além disso, dizem ser área de domínio da CCR e não podemos intervir.”

Falta de sinalização

Outro ponto criticado pela comunidade é a falta de sinalização nas alças de acesso. “Não indica de quem é a preferencial. Pela pintura da pista seria necessário fazer o retorno no centro para depois ingressar na rua de ligação com Travesseiro e então na BR-386”, conta o mecânico Diego Lamm. A família tem a oficina às margens da rodovia faz mais de 15 anos e acompanha a transformação do trecho.

“Na semana passada, agentes da ANTT estiveram no local e questionei sobre a situação da preferencial e a ausência do asfalto. Nem eles souberam responder as perguntas”, comenta Lamm. Segundo ele, a mudança no acesso foi importante para reduzir a quantidade de acidentes, mas faltou planejamento.

Ainda no período em obras, o trevo de Marques de Souza foi um dos pontos com maior número de acidentes. Lamm registrou várias colisões e, pelo menos, duas mortes no fim do ano passado. Segundo ele, fincou insustentável a travessia sobre a pista. Mas entende que o correto no trecho teria sido a construção de viaduto.

“Faltou participação ao definir o projeto”

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Marques de Souza (Acimas), Clério Rohrig, recorda das diversas reuniões propostas antes de iniciar as obras e da baixa participação popular. “Perdemos um momento importante e agora é preciso correr atrás para corrigir essa falha”.

Segundo Rohrig, da forma como está o comércio perde. “As pessoas que usam a BR-386 agora não sabem ao certo onde entrar para a cidade. Isso prejudica muito, tanto nas vendas quanto na entrega das mercadorias.”

O presidente da Acimas também alerta para as dificuldades de moradores do interior. “Se os acessos estiverem fechados por conta da elevação dos arroios, esse público consumidor vai preferir comprar em Lajeado do que fazer o retorno nos locais indicados.”

Autoridades e representantes do comércio buscam solução para facilitar o acesso a Marques de Souza. Crédito: Felipe Neitzke

Principal via

O acesso por Marques de Souza é a principal ligação entre Travesseiro e a BR-386. Considerada importante via para escoar a produção e entrada de insumos, as condições das alças geram preocupação aos líderes locais.

Para o prefeito de Travesseiro, Gilmar Southier, faltou diálogo antes de iniciarem as obras. “Mais de 80% do nosso fluxo passa por esse acesso e, da forma como está, prejudica muito a comunidade. Os caminhões têm dificuldade de fazer a conversão pelo estreitamento da pista e, em dias de chuva, o trecho apresenta vários buracos.”

Southier participará da reunião na quarta-feira com objetivo de unir forças para reivindicar melhores condições do trecho até a BR-386. “Faltou ouvir quem mora há mais tempo nesse local e conhece das características da área próxima dos arroios, sob o risco de inundação.”

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