Atletas do Vales disputam a prova mais tradicional do mundo

Maratona de Boston

Atletas do Vales disputam a prova mais tradicional do mundo

Cassiana Stringhini, Pedro Heatinger, Gabriel Biasibeti, Guilherme e Débora Stapenhorst estão entre os mais de 30 mil corredores que participarão da prova na segunda-feira

Por

Atualizado domingo,
16 de Abril de 2023 às 15:33

Atletas do Vales disputam a prova mais tradicional do mundo
Guilherme, Gabriel e Débora durante o treino em Boston encontraram o recordista mundial das maratonas Eliud Kipchoge - foto: Arquivo Pessoal
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Prova mais antiga, famosa e tradicional do mundo, a Maratona de Boston atrai milhares de pessoas para a cidade americana todos os anos. Parte das “Six Majors”, conjunto das seis principais corridas de longa distância do calendário anual, ocorre nesta segunda-feira, 17. Cinco atletas do Vale do Taquari conquistaram o índice necessário à participação e representam a região.

A cirurgiã-dentista de Lajeado, Cassiana Hauschild Stringhini, a “Cacá”, 33, conseguiu a classificação para Boston no ano passado ao correr a Maratona de Porto Alegre, quando completou em 3h10min20seg, subindo no pódio na categoria 30 a 34 anos. A prova na próxima segunda-feira será a segunda maratona de sua vida. “Correr uma maratona é surreal”, resume.

Comenta que para completar uma prova como essa, a pessoa tem que abdicar de algumas escolhas como bebida alcoólica, acordar mais cedo e ter uma dieta bem regrada.

A preparação para Boston foi intensa, com treinos de três a quatro vezes por semana, com média de 50 quilômetros. Nas últimas semanas de preparação, chegou a percorrer quase 90 quilômetros. Além disso, para complementar a preparação fazia sessões de fisioterapia a cada 15 dias e musculação.

Para a prova, Cacá comenta que a expectativa é grande, pois são mais de 30 mil pessoas, entre os melhores corredores do mundo. “Boston é a principal prova do mundo, todos que estão lá de alguma forma se dedicaram para correr.”
Ela embarcou na terça-feira, 11, e retorna no dia 19 de abril. Apesar de ir sozinha ao Estados Unidos, está em um grupo de whatsapp com outros brasileiros que vão correr a prova para fazer amizades e trocar conhecimentos.

Cacá começou a correr em 2013, aos 23 anos, na brincadeira. A partir de 2019 intensificou os treinos e em 2021 decidiu que iria correr uma maratona. “Na maratona sou eu contra eu mesma, não é uma prova que tu pode largar forte e que vai aguentar, tem que ir em um ritmo até o fim.”

“Espero entregar o meu melhor ”

Morador de Arroio do Meio, o gerente comercial Gabriel Biasibetti, 28, vai para a segunda Major. Três anos atrás participou da Maratona de Berlim. Para Boston, também conseguiu o índice em Porto Alegre em 2022, quando concluiu a maratona em 2h57min.

O ciclo de treinos foi muito produtivo, apesar do forte calor nos primeiros meses de 2023. Dentro do período conseguiu evoluir, com um volume semanal que girou em torno de 70 quilômetros nesses três meses específicos de preparação.
Para ele, Boston é uma prova marcante pois é muito concorrida, e quem participa está lá por mérito. “Espero entregar o meu melhor e obter meu recorde pessoal na maratona”, diz.

Biasibetti embarcou para a cidade americana na terça-feira, 11, e retorna no dia 20. Ele foi com os amigos Guilherme Stapenhorst, que também irá correr, e Débora, esposa de Guilherme, ambos de Teutônia.

O atleta iniciou nas corridas em abril de 2014, em uma rústica em Arroio do Meio, na distância de 5km. Para ele, a maratona é desafiante, principalmente pelo processo de preparação. “Ela ensina muita coisa que eu levo para a vida. Ela te faz ir além daquilo que tu pensa que seria teu limite.”

“É acreditar em você até o final”

Empresário de Taquari, Pedro Heatinger, 24, iniciou no mundo das corridas direto em uma maratona, em 2021, no Rio de Janeiro, quando completou a prova em 3h13min, aos 22 anos. Pouco tempo depois correu a de Porto Alegre e com o tempo de 2h44min42seg conquistou o pódio na categoria 20-24 anos e o índice para correr em Boston.

Para ele, participar de maratona é sempre um momento especial. “É se superar, é enfrentar o desconhecido e acreditar em você até o final, aconteça o que acontecer. É inesquecível, sempre.”

Para Boston, a preparação foi intensa, com média de 125 a 140 quilômetros corridos por semana. Ele espera aproveitar e conhecer o clima da maratona mais antiga e famosa do mundo. “Quero bater meu recorde pessoal e me desafiar.”
Heatinger viajou nessa quinta-feira para Boston e retorna no dia 21. O atleta irá acompanhado da namorada e nutricionista Gabriela Melos que também vai correr, porém os cinco quilômetros no sábado.

A maratona é a prova preferida do atleta, pois para ele é necessário ter paciência, disciplina e resiliência para treinar e conquistar os resultados desejados. “É uma grande batalha e negociação mental, fazendo tudo isso se tornar inesquecível, com um gosto enorme de superação e uma linha de chegada arrepiante”, relata.

“A energia dessa prova é única”

Diferente dos outros atletas que estreiam em Boston, o educador físico de Teutônia, Guilherme Stapenhorst, 36, vai para a segunda edição. Em 2017 completou a prova em 2h49min40seg. Cita que a maratona é mais cobiçada entre os maratonistas. “É como se fosse a Copa do Mundo das Maratonas, a energia dessa prova é única, todo atleta é tratado com muito respeito”, avalia.

Cita que o fator índice obrigatório torna a corrida exclusiva para os melhores corredores, no gênero e faixa etária. “Por isso Boston se tornou tão almejada e admirada pelos atletas.”

O índice para prova foi adquirido na Sevilla Marathon, em 2022, com o tempo de 2h34min46seg.

Durante quatro meses de treinamento, girou em média de 100km por semana. Para a prova espera melhorar o tempo de 2017.

A corrida entrou na vida de Stapenhorst aos 27 anos, um ano depois concluiu a primeira maratona. Para ele, correr é sempre superar as próprias marcas.

“É uma prova que carrega significado histórico”

Esposa de Guilherme Stapenhorst, a advogada Débora Guimarães Togni Stapenhorst, 37, fará a estreia em Boston. A classificação também ocorreu em Porto Alegre, quando completou a corrida em 3h27min39seg, em junho do ano passado.

Diferente do marido, Débora teve um giro por semana menor, foram 70 quilômetros, mas considera que teve um desempenho positivo, pois treinou sem lesões e interrupções.

Como o marido já correu a prova, aproveitou as dicas para se preparar. “Sei que não é uma prova plana, então espero uma prova desafiadora, mas também bastante emocionante, pois dizem que a atmosfera da cidade durante o evento é muito especial.”

Cita que a prova é especial, pois foi a primeira corrida a aceitar oficialmente mulheres, em 1967, depois de várias correrem disfarçadas. “Além de ser uma prova tradicional, é uma prova que carrega um significado histórico, principalmente para nós mulheres.” Cita que a medalha será um troféu especial na estante de casa.

A trajetória no esporte iniciou aos 28 anos e a primeira maratona foi em Chicago, em 2018, quando concluiu em 3h46min02seg. Para ela, superar os próprios limites é o que motiva para correr uma prova. “A sensação de completar uma maratona, depois de meses treinando e se dedicando, é muito especial.”

A Maratona de Boston

  • É disputada em 42,195 km entre as cidades de Hopkinton e Boston, no estado de Massachusetts, Estados Unidos
  •  É a segunda mais antiga das maratonas, atrás apenas da maratona olímpica disputada pela primeira vez em
  • Atenas 1896, mas a pioneira de todas as disputadas anualmente, existindo desde o ano de 1897
  • Foi a primeira a aceitar mulheres, em 1972
  • Boston está dentro das Six Majors – circuito das seis principais provas do mundo: Berlim, Boston, Chicago, Londres, Nova York e Pequim.
  • Com a participação atual de mais de vinte mil atletas de diversos países, alguns dos maiores corredores da história já escreveram seu nome na prova, como os campeões olímpicos Abebe Bikila, Mamo Wolde, Ville Ritola, Gelindo Bordin, Joan Benoit e a portuguesa Rosa Mota, que com três vitórias é uma das recordistas entre as mulheres.
  • O recorde de vitórias entre os homens em Boston permanece imbatível há mais de 80 anos. Entre os anos de 1911 e 1930, o norte-americano Clarence DeMar ganhou a prova por sete vezes.
  • Entre as mulheres, a recordista é a queniana Catherine Ndereba, vencedora por quatro vezes entre 2000 e 2005.
  • O símbolo da maratona e também a face da medalha levam o desenho de um unicórnio, símbolo da batalha pela excelência que talvez seja inalcançável. O unicórnio representa o emblema da Maratona de Boston desde a edição inicial e todos os competidores recebem medalha.

Acompanhe
nossas
redes sociais