O impasse entre a responsável pelos pedágios e a empresa terceirizada para obras de infraestrutura continua. Os desacertos sobre valores do contrato, qualidade e adição de serviços fazem com que o acordo entre CCR ViaSul e Eurovias esteja em xeque. Desde 14 de março, data da última detonação de rochas em Marques de Souza, usuários percebiam uma redução no ritmo dos trabalhos na rodovia. Como o prazo para liberação dos primeiros 20 quilômetros de duplicação encerra em três meses, motoristas, empresários e autoridades políticas demonstram preocupação com uma nova revisão no cronograma.
“A rodovia está perigosa. Já tivemos diversos acidentes no acesso ao município”, alerta o vereador de Marques de Souza, Amenófis Stacke (Republicanos). Presidente da comissão parlamentar que acompanha as obras na rodovia, diz que os únicos trabalhos no trecho foram de pintura e construção de valetas.
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“Está tudo parado e não parece que vai terminar no prazo”. No primeiro cronograma avalizado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o término do primeiro trecho de novas pistas era fevereiro deste ano.
No entanto, um atraso no licenciamento ambiental emitido por departamento do Ibama, atrasou o início das obras por mais de três meses. A gestão das licenças são feitas pela própria ANTT e pela Empresa de Planejamento e Logística (EPL), uma autarquia ligada ao governo federal. Por este motivo, foi autorizada uma revisão no prazo até a metade deste ano.
Informações extraoficiais dão conta de que o acordo está em vias de ser encerrado. Nenhuma das empresas confirma. No entanto, os canteiros de obras ao longo da BR-386 de Lajeado até Estrela foram desmobilizados. Funcionários da Eurovias contam que foram comunicados da interrupção na manhã dessa quarta-feira.
Por meio de nota, a CCR ViaSul afirma que “a paralisação das obras é temporária e já há um plano de remobilização para retomada dos serviços no menor tempo possível. O novo cronograma de obras e as datas de entrega serão realinhadas com a agência reguladora (ANTT) e comunicados com brevidade.” No trecho Marques de Souza a Lajeado, a concessionária afirma ter concluído mais de 14 km de nova pista. Porém, o trânsito não foi liberado.
Reunião em Marques de Souza
O Legislativo e o governo do município organizam um debate com a comunidade e representantes de cidades lindeiras à BR-386 na próxima quarta-feira, 19 de abril. O horário ainda não foi confirmado. Conforme Stacke, o intuito é discutir o que pode ser feito e também para se posicionar em relação à concessionária.
Para o prefeito de Marques de Souza, Fábio Mertz, faltam informações por parte da ANTT e pela a CCR Viasul sobre o andamento da obra. A questão do trânsito na região, diz, era delicada com as obras, frente a problemas em guard rails e pistas não liberadas.
Agora, com a redução no ritmo das obras, problemas ficaram mais evidentes, como no trevo de acesso, na pavimentação primária no entorno e falta de acessos a comunidades lindeiras. “Vínhamos tratando o assunto com diplomacia e esperávamos uma solução. Mas até agora, não houve retorno. Pedimos melhorias no projeto, ajustes na pavimentação de acessos e trechos vicinais, não fomos atendidos em nada.”
Mertz reconhece a magnitude da obra e sua importância, mas ressalta que é preciso que a ANTT intervenha e verifique a situação. Ele espera que a obra seja finalizada em breve para garantir mais segurança e melhores condições aos motoristas.
Fepam embarga extração
A brita usada na base do asfalto era retirada de uma área de extração em Linha Perau, Marques de Souza. Devido a inconformidades na licença ambiental concedida pelo município, a Fepam embargou as operações no local.
Sobre o andamento das obras, a ANTT, responsável por acompanhar o cumprimento do contrato, afirma que em caso de descumprimento do cronograma, é possível aplicar sanções, que vão de redução na tarifa dos pedágios, e também multa quando o atraso se deu por responsabilidade da concessionária. A agência frisa que qualquer paralisação no andamento das obras é de responsabilidade da concessionária que deve fazer a compensação posterior.
