“Meu coração é encantadense”

ABRE ASPAS

“Meu coração é encantadense”

Cidadão honorário encantadense, o italiano Luciano Murer, 87, visitou a Terra do Cristo Protetor entre os dias 4 e 11 de abril. Ele esteve acompanhado de dois conterrâneos da cidade de Valdobbiadene, o prefeito Luciano Fragonese e o senador Franco Conte. Murer morou em Encantado na década de 1950 e ainda hoje mantém relações familiares com a região.

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“Meu coração é encantadense”
Crédito: Diogo Daroit Fedrizzi
Vale do Taquari

Qual o sentimento de voltar a Encantado?

Sou muito grato por ser cidadão honorário de Encantado. Moro na Itália, mas meu coração é encantadense. Aqui comecei a minha vida, a conhecer o mundo. Não tinha 18 anos quando cheguei aqui. Vivi no Brasil de 1953 a 1964.

Por que o senhor veio para Encantado?

Meu tio, padre Aroldo Murer, queria ter alguém da família por perto. Porque fazia 12 anos que ele estava aqui (em Encantado) sozinho. Ele conseguiu um emprego para mim com o (Guido) Cé, antiga revenda de automóveis Ford. Minha profissão era torneiro mecânico. Quando cheguei, em vez de ir trabalhar na Ford, fui trabalhar na oficina Dodge, porque ali tinha outro italiano da minha cidade de Valdobbiadene, que estava muito doente e não podia trabalhar.

Depois chegou um engenheiro para construir a fábrica de óleo da cooperativa (Dália) e precisava de um soldador. Eu fui. Quando acabamos de montar essa fábrica de óleo, ele me convidou para ir a Porto Alegre, porque tinha outro trabalho para fazer. Porém, quando cheguei por lá, o contrato não vingou. Fui para São Paulo trabalhar como mecânico. Em seguida, me mudei para uma firma chamada Cavallieri, que transportava todo material para construir Brasília. Eu era o mecânico-socorrista. Terminado o trabalho de Brasília fomos construir a estrada que liga Mato Grosso do Sul ao Paraguai. Aí me mandaram para a cidade de Eldorado-MS.

E o que o senhor fez depois?

Chegou a hora de casar. Eu tinha uma namorada. Pensei que era melhor, antes de casar, dar uma olhada nos meus pais na Itália. Depois de dois meses que tinha retornado à Itália, veio a polícia e disse que eu tinha que ir ao quartel, porque eu não tinha feito o serviço militar. Mais tarde casei e tive dois filhos. Minha esposa faleceu há quatro anos. Chegou a vir duas vezes comigo a Encantado.

Quais eram seus grandes amigos em Encantado?

Tive quatro amigos que estavam sempre juntos comigo: Casemiro Frigeri, Adroaldo Conzatti, Clóvis Balbinot e o Silvio Seppi. Só restaram dois vivos, o Casemiro e o Clóvis.

O senhor vem para a inauguração do Cristo Protetor?

Sim, vou voltar em novembro. Além da inauguração do Cristo, quero aproveitar para ficar um período com minha sobrinha Ana Maria Murer. Depois tem a Tereza e a Lúcia, que moram em Porto Alegre, e a Laurete, que mora em Santa Maria.

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