“Ensaiamos toda semana e sempre nos emocionamos”

ABRE ASPAS

“Ensaiamos toda semana e sempre nos emocionamos”

Orlando Kuhn, 80, é o ator mais velho do elenco da 17ª Paixão de Cristo de Imigrante. Agricultor aposentado, ele participa do espetáculo desde a primeira edição. Neste ano, a apresentação ocorre no sábado e domingo, às 20h, no gramado do Convento São Boaventura, em Daltro Filho

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“Ensaiamos toda semana e sempre nos emocionamos”
Crédito: Arquivo Pessoal
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Quando e por que decidiu participar?

Eu fui convidado quando começou, em 1996, quando o Paulão era prefeito. Eles tiveram a ideia e convidaram as pessoas para fazer parte. Eu me senti orgulhoso. De lá para cá nunca deixei de participar. Estou indo para minha 17ª participação.

O senhor já tinha alguma experiência com teatro?

Ah, só da escola. Com a gurizada de aula eu fazia teatrinho. Então de lá eu já tinha alguma experiência, alguma ideia de como era. Mas nas primeiras vezes foi difícil, a gente ficava nervoso porque vinha muita gente sempre. Daí dois ou três anos depois foi ficando mais fácil, já não ficava mais tão nervoso.

Sobre a estrutura da peça, o que mudou nesses anos?

Cada ano melhor. A história sempre é a mesma, mas tem cenas diferentes. Sempre tem outras coisas que participam. Esse ano os imigrantes estão participando e eu sou um deles, além de um dos Caifás. Então eu tenho que condenar Jesus e depois puxar o saco dele (risos).

Quais papéis o senhor já fez?

Caifás, Nicodemos, Anás, Zebedeu. Ultimamente sou sempre Caifás, porque eles pensam que eu sou brabo, mas eu não sou tão brabo assim (risos). O diretor que escolhe, convoca a turma e passa os papéis. Aí é um trabalho de pelo menos dois meses. A gente ensaia toda semana, até duas vezes por semana, na terça e no sábado. Tem que decorar o papel, gravar, falar em cima da gravação, o que não é muito fácil. Sempre quando chega o tempo da quaresma, a gente já sabe: vamos matar ele mais uma vez. Mas ele sempre volta.

Qual é a parte mais difícil?

A parte mais difícil para mim foi quando Jesus foi pregado na cruz e minha filha, que fazia Maria, estava agarrada nele e chorando. Ela faz muito bem o papel. E eu tinha que dar uma risada bem debochada. Mas era a minha filha, não era fácil para mim. Naquela hora ainda bem que tinha gravação, porque eu mesmo só abri a boca. Me emocionei junto. E é sempre difícil quando chega no fim, pregamos ele na cruz e ele morre. A gente sempre sente. Ensaiamos toda semana e sempre nos emocionamos, imagina como é para o público.

E é um público grande, né? Não tem nervosismo mesmo?

No ano passado, nos dois dias, tinha umas 10 mil pessoas. É um evento estadual. Eu já disse para todo mundo, quando olho para o público, para mim é sempre cabeça de couve (risos). Eu não fico mais nervoso com isso.

O elenco também é grande e tem pessoas de idades variadas. Como é essa relação?
Sim, e tenho duas filhas que participam comigo. Hoje tem até crianças de sete anos que participam também. Eu nunca tive problemas. Eles vem conversar comigo, sempre brinco com eles.

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