A cidade e os idosos

Opinião

Marcos Frank

Marcos Frank

Médico neurocirurgião

Colunista

A cidade e os idosos

Por

“Na juventude deve-se acumular o saber.
Na velhice fazer uso dele”.
Jean-Jacques Rousseau

O século XX assistiu a longevidade humana aumentar, sendo que a expectativa média de vida ao nascer no planeta aumentou 20 anos desde 1950 e chega agora a 66 anos. E não paramos por aqui, pois para o futuro se prevê que até o ano de 2050 aumente em ainda mais 10 anos, chegando a 76 anos. Com isso o número de pessoas com mais de 60 anos, que era aproximadamente de 600 milhões no ano 2000, deve chegar a quase dois bilhões em 2050.

No Brasil, a Lei nº 10.741, de 2003, considera idosas as pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. De acordo com o IBGE, em 2017 o Brasil tinha 14.2% de idosos no total da população, um grupo onde as mulheres são maioria com 56% do número de idosos. A projeção para 2031 no Brasil é de que o número de idosos (43,2 milhões) supere pela primeira vez o número de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos (42,3 milhões). Tal fato já ocorreu no Rio Grande do Sul, onde, desde outubro de 2019, já há mais idosos (18.2%) na população do que crianças e adolescentes. O IBGE estima ainda que, em 2060, a população diminuirá para 10,9 milhões de moradores, no entanto, haverá 3,9 milhões de idosos que corresponderão a 35,5% dos habitantes do Estado.

Em Lajeado estima-se que 16.25% dos moradores têm idade superior a 60 anos. Esses números apontam para uma aceleração do número de idosos residindo em Lajeado, pois, de acordo com o Censo de 2010, a população total de Lajeado era de 71.145 habitantes, desses, 8114 eram idosos (11.35%). Segundo essas estimativas, a população entre 0 a 14 anos de Lajeado é de 15.949 habitantes (18.08%) e, portanto, ainda superior à população de idosos. A tendência dos próximos anos é que a população de idosos supere a de crianças e adolescentes em Lajeado.

Digo tudo isso para comentar o atropelamento de um idoso ocorrido durante a última semana, durante a travessia de uma rua na faixa de segurança. Fiquei surpreso com vários comentários nas redes sociais que culpavam a vítima, fato que tenho visto se repetir sempre que um acidente envolve alguém de mais idade. Incrível que os idosos tenham se tornado os novos excluídos do mundo e em particular da nossa cidade.Para mim, esse fato torna clara a urgência de prosseguirmos com um debate surgido no PROMOVE-SAUDE, que é a intenção de tornar Lajeado uma cidade amiga do idoso. Para isso, as vias públicas, as calçadas, as faixas de segurança, a sinalização para pedestres, os prédios e seus elevadores e o acesso à saúde e aos serviços públicos devem ser repensados.

Enquanto isso, uma parte dos valores obtidos com as multas de trânsito poderia ser aplicada para lembrar aos motoristas que ao dar passagem ao pedestre que se encontra na faixa, o motorista não está apenas exercendo a lei, mas, também, cumprindo seu papel de cidadão.

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