Emergências lotadas e crianças com febre, tosse e diarréia. Este é o cenário dos centros de saúde e pronto atendimentos pelo Vale. Isso porque nesta época do ano, os pequenos voltam às creches e escolas e ficam mais expostos a doenças virais. Para falar sobre o assunto, o programa Nossos Filhos, da Rádio A Hora 102.9, de quinta-feira, 23, convidou o médico pediatra Eduardo Lopes.
O profissional atua na pediatria do Hospital Bruno Born (HBB) e da Secretaria de Saúde de Bom Retiro do Sul, e tem familiaridade com o tema. Ele comenta que um dos primeiros sintomas de infecções virais é a febre e no primeiro sinal de temperatura mais elevada, as famílias já procuram a emergência.
Existem exceções mas, no geral, conforme explica Lopes, não há a necessidade de procurar ajuda médica nas primeiras 48h ou até 72h do sintoma. A criança deve ser medicada e a temperatura diminui de forma natural.
Quando a febre persiste ou está acompanhada de outro quadro, como dificuldade respiratória ou falta de apetite, por exemplo, então o pronto atendimento deve ser procurado ou uma consulta médica agendada. A febre também deve ser vista com mais atenção em crianças menores de três meses.
Cuidado com os antibióticos
Por vezes, a preocupação dos pais com as doenças virais pode significar uma superlotação nos centros de saúde. “A partir do momento em que a gente superlota um pronto atendimento ou uma emergência, podemos estar atrasando a consulta de pacientes graves”, observa o pediatra.
Além disso, o uso inadequado de antibióticos também pode trazer consequências negativas. “Acaba-se, muitas vezes, dando um antibiótico de forma equivocada, sendo que era um quadro viral e ia melhorar em 48h. O ideal seria esperar esse tempo”, destaca. O uso excessivo do antibiótico também será um problema quando a criança realmente precisar do medicamento e terá que tomar uma dosagem muito mais alta.
Convulsão febril
Ainda em relação à febre, Lopes observa que uma das principais preocupações das famílias é a convulsão febril. Ao contrário do que muitos pensam, no entanto, a febre alta não está relacionada ao quadro. A convulsão só ocorre em crianças com predisposição. Outro ponto destacado pelo médico é que a crise convulsiva febril não traz risco de sequelas e, na maioria dos casos, dura poucos minutos.
Outras doenças do período
Nesta época do ano, outra doença comum entre as crianças é a “mão, pé, boca”, em que o paciente fica sem comer, tem de três a quatro dias de febre alta e apresenta lesões nas mãos, pés e boca.
A doença se dissemina com rapidez e, por isso, a criança deve ser afastada da escola e só retornar quando tiver um quadro de 24h sem apresentar febre. “Apesar de ser uma doença que assusta, ela é autolimitada, viral, que consegue ser controlada”, destaca Lopes. Gastroenterites e bronquites também são comuns neste período.
O pediatra explica que não há antibióticos que evitam que a criança fique doente, mas uma alimentação e sono adequados, além de boa hidratação e estar com as vacinas em dia podem ajudar no reforço da imunidade.