A saída do presidente Dirceu Bayer é inevitável

Opinião

Fernando Weiss

Fernando Weiss

Diretor de Mercado e Estratégia do Grupo A Hora

Coluna aborda política e cotidiano sob um olhar crítico e abrangente

A saída do presidente Dirceu Bayer é inevitável

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A grave crise que acomete a gigante Languiru se aprofunda a cada dia. É o pior momento da cooperativa desde a sua fundação. A falta de transparência, o medo dos produtores, o atraso geral nas contas e a incerteza quanto ao futuro colocam a instituição e o presidente Dirceu Bayer em corda bamba. O problema da Languiru não se restringe ao momento econômico do segmento da produção de proteína, como insiste demasiadamente o presidente. Fosse este o principal responsável, outras indústrias do mesmo ramo estariam padecendo de maneira igual. Até amargam prejuízos, mas conseguem superar os entraves por meio de medidas austeras e estratégias que se adaptam ao mercado. Com a Languiru, é diferente.

Dirceu Bayer cumpriu um papel fundamental na reestruturação da cooperativa no passado e a conduziu ao patamar de maior do Estado, contudo, a um preço que agora se mostra alto demais.

O desgaste com o quadro de associados, a migração de produtores, as saídas recentes de líderes e profissionais do alto escalão da administração, o atraso no pagamento de fornecedores e de empréstimos bancários, enfim, a desconfiança geral quanto ao futuro da Languiru traduzem um colapso.

É triste, mas real. A maior cooperativa do Estado, um dos grandes orgulhos e símbolos do desenvolvimento regional está a beira do precipício. A sociedade regional, especialmente a comunidade de Teutônia, precisa reagir.

A caixa preta na qual se O transformou a Cooperativa –comandada por um presidente centralizador e não cooperativista –, que extrai e apresenta dados, números e cenários superficiais, parciais e convenientes, precisa ser aberta. E logo. A permanência de Dirceu Bayer na presidência da Languiru se tornou tão inviável quanto a operação dos negócios. O histórico de problemas dos últimos anos lhe custaram a credibilidade e o respeito da classe empresarial e do quadro de associados. E convenhamos, quando não resta credibilidade e confiança, não resta mais nada.

É hora de mudar. Nenhum banco aceita negociar, muito menos conceder algum empréstimo à Cooperativa. O próprio governo estadual está de mãos atadas para auxiliar na superação da crise, mas espera um fato novo dos associados.

A Certel viveu situação semelhante no passado recente, mas soube tomar providências em tempo. Seu presidente cedeu espaço para novos gestores e a cooperativa se reergueu. O saudoso Egon Hoerlle soube declinar do cargo enquanto tempo e deu espaço para novos rumos, hoje sabidamente assertivos. Deixou seu legado na Certel.

A Languiru já deveria ter feito. Ainda dá tempo, mas precisa ser logo. Além do mais, a cooperativa é grande e importante demais para a sociedade não intervir. Omissão é veneno num cenário de crise e a história cobrará isso dos associados e das lideranças que possuem alguma ascensão ao atual conselho. Alguém precisa dar o primeiro passo, sem medo e sem querer caçar as bruxas.

Os problemas traduzidos nessa reportagem de hoje dimensionam o tamanho do desafio no sentido de salvar a Cooperativa e evitar o pior. Agora, quanto mais a sociedade e seus associados (donos) esperarem, mais difícil será a tarefa. Ou vamos mesmo deixar a Languiru quebrar sem fazer nada?

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