Venâncio Aires terá arroio e rio monitorados

VIVER CIDADES

Venâncio Aires terá arroio e rio monitorados

Projeto do Grupo A Hora amplia os pontos de coleta de 23 para 26. Arroio Castelhano se soma a outros 12 e aos dois rios de onde são retiradas as amostras para análise de água

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Atualizado quinta-feira,
23 de Fevereiro de 2023 às 17:10

Venâncio Aires terá arroio e rio monitorados
Um dos locais de coleta para análise de água será próximo ao ponto de captação da Corsan no Arroio Castelhano (Foto: Luciane Ferreira)

O monitoramento da qualidade da água dos mananciais da região será ampliado para Venâncio Aires. Serão três pontos de coleta: dois no Arroio Castelhano e um no rio Taquari. O Castelhano é considerado o mais importante do município, porque a captação de água para abastecer a cidade é feita no arroio. Ele nasce em Boqueirão do Leão, atravessa Venâncio Aires e deságua no rio Taquari.

A verificação da qualidade da água dos mananciais da região iniciou ano passado, por meio do projeto Viver Cidades, do Grupo A Hora.

Carin Taiara Gomes, engenheira química e fiscal ambiental

A engenheira química e fiscal ambiental da Secretaria do Meio Ambiente de Venâncio Aires, Carin Taiara Gomes, entende que decisões e ações só podem ser tomadas quando se conhece a realidade. “As análises vão nos proporcionar saber qual a situação, para então podermos fazer um planejamento. Será possível trabalhar estrategicamente.”

Carin acredita que os resultados das primeiras análises não serão muito animadores. “Provavelmente, vamos receber informações que não vamos gostar, porque talvez os parâmetros poderão estar fora do que seria o ideal.” Porém, ela destaca que, baseado nos dados, será possível acrescentar outras ações às existentes para mudar a realidade. “O monitoramento se encaixa no projeto de Recuperação de Nascentes”, exemplifica. Ela refere-se ao trabalho iniciado em 2018, ancorado pela Emater/RS-Ascar e Secretaria do Meio Ambiente. Desde então, 34 olhos d’água foram recuperados na área rural do município.

Projeto Viver Cidades

O monitoramento da qualidade da água, dentro do projeto Viver Cidades, do Grupo A Hora, está em seu segundo ano. Em 2022, as coletas e análises ocorreram em março e outubro, em 23 pontos de dois rios – Taquari e Forqueta – e doze arroios em dez cidades. A ampliação para Venâncio Aires dará mais força ao estudo.

Neste segundo ano de projeto, as amostras serão coletadas e analisadas nos mesmos meses – março e outubro – para possibilitar comparativo de dados. O Laboratório Unianálises seguirá fazendo o trabalho, e o biólogo Cristiano Steffens interpretará os dados.

Água limpa e preservada

Venâncio Aires tem uma caminhada de quase cinco anos na recuperação de nascentes. Os objetivos principais são oferecer água potável às comunidades da área rural, incentivar o uso racional e garantir que o recurso hídrico seja preservado.

O trabalho começou em 2018 com a criação do Comitê das Nascentes do Arroio Castelhano – hoje, com atuação ampliada, chama-se Comitê das Nascentes de Venâncio Aires.

Rui Delsio Schwinn, presidente do Comitê das Nascentes de Venâncio Aires

Em 2019, lembra o presidente da organização, Rui Delsio Schwinn, foi firmada parceria com a Emater/RS-Ascar, entidade com expertise em projetos de recuperação e proteção de olhos d’água. Se somaram à causa o Rotary Club, as secretarias municipais do Meio Ambiente e de Desenvolvimento Rural, Corsan e empresas privadas. A captação de recursos a fundo perdido viabilizou o trabalho de recuperação de 34 nascentes.

Com a união de forças envolvendo o setor público, a Emater e os produtores rurais, o projeto se expandiu e focou também nas questões ambientais. Muitos olhos d’água eram canalizados direto para os galpões. A água se contaminava em contato com o esterco, corria pelo solo e causava dano ambiental.

Outro grande problema era a contaminação logo na saída da água, na fonte, além da falta de reservação. Em períodos de seca, o volume reduzia, e as famílias sofriam com o desabastecimento.

Durante o trabalho de recuperação, as equipes explicavam sobre uso racional da água. “O mais importante é o consumo humano”, destaca Schwinn. Depois vem o uso geral, a dessedentação dos animais, etc.

Outro ponto importante é garantir que parte da água corra em seu curso normal. Desta forma, chegará a córregos e aos pequenos arroios que são afluentes do Castelhano, onde há o ponto de captação da Corsan para abastecimento da cidade. Este manancial desemboca no rio Taquari.
A água das nascentes passa por análise antes e depois de feita a proteção.

Processo de recuperação

1 – Vertente antes da intervenção para evitar contaminações. Localizada a nascente, é feita a limpeza do entorno.

2 – Uma estrutura de alvenaria garante que a água desça pela canalização livre de contaminantes.

3 – São instalados um ou mais reservatórios. De lá, a água é distribuída à propriedade.

4 – Um sistema de boias leva o excedente para córregos ou arroios, conforme o seu curso natural.

Depois de 38 anos, garantia de abastecimento

Eroni e Marli mostram de onde brota a água na propriedade, em meio às pedras e na parte mais alta das terras (Foto: Luciane Ferreira)

Por 38 anos, casal de agricultores Eroni e Marli Gaertner conviveu com a instabilidade de abastecimento na propriedade, em Linha Arroio Grande. Hoje, tem a garantia de ter água nas torneiras e celebram o fato de estar alimentando o sistema hídrico natural. “Temos água em casa, nos galpões e no meio ambiente”, diz Gaertner. Ele refere-se à parte que vai para várzea e chega ao Arroio Grande, a poucos metros de sua casa.

Marli lembra da época que a nascente quase secava, e a família precisava economizar para não ficar desabastecida. Ela também comenta que a qualidade não era a mesma de agora.

Em 1981, o casal adquiriu a área de terras. A oscilação na vazão durou até 2019, quando os Gaertner foram beneficiados com o projeto de recuperação de nascentes. Desde então, há garantia de uso para as atividades da propriedade, de 17,6 hectares, para cultivo de milho e fumo e criação de gado de corte.

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