Laxante, praga de baixinho e as táticas de guerrilha corporativa

Opinião

Filipe Faleiro

Filipe Faleiro

Jornalista

Laxante, praga de baixinho e as táticas de guerrilha corporativa

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Sabe o colega de trabalho impertinente e que ninguém gosta? Distante dos demais assalariados e que age como se fosse o próprio rei? Que imagina estar do outro lado do balcão, ao lado dos CEOs, presidentes, coordenadores, encarregados? Aposto que os nomes brotaram na mente.

Aquele sempre atento ao outro, como uma coruja de olhos arregalados pronta para alertar qualquer movimento. Esse sujeito está presente em qualquer ambiente de trabalho e, na maioria das vezes, usa o leva-e-traz como barganha para esconder a própria irrelevância, incapacidade e incompetência laboral.

Pois bem. Existem táticas para melindrar a atuação desse dedo-duro. Algumas bem conhecidas dentro dos princípios do relacionamento interpessoal, tais como: buscar sempre manter uma interlocução profissional; saber ouvir e falar o mínimo possível; evitar reações emotivas e, ter como princípio, a racionalidade. Todas dicas importantes. Muito bonitas na teoria, mas de difícil aplicação diária.

Quando todos esses comportamentos falham e o ambiente de trabalho começa a ser infectado pela negatividade do colega com essa síndrome de chefe, há outros tipos de abordagens, mais radicais. As chamadas Táticas de Guerrilha Corporativa.

Por meio de gatilhos físicos e psicológicos pode-se mudar a forma com que o pseudo colega se posiciona com os demais. O guru deste método é meu amigo, carinhosamente apelidado de Pintinho. Inclusive ele largou o trabalho em uma empresa de TI para se dedicar em exclusivo para repassar esses conhecimentos.

Fase um: o laxante

Tudo começa com um depoimento de uma história vivida:

– No escritório, tinha um colega muito chato. Se intrometia em tudo. Sempre falando mal dos outros para a chefia e não assumia responsabilidades. Gostava de transferir o próprio trabalho para os mais novos – assim, tinha mais tempo para disseminar fofocas.
Os demais estavam incomodados com ele, relembra o guru.
– Pensei muito e concluí: vou precisar de laxante.
De acordo com ele, o melhor lugar para aplicar a técnica é no café.
– Tomei a precaução de não colocar na térmica ou na cafeteira de todos. Não queria paralisar a empresa. Esmaguei os comprimidos e com muita discrição dobrei uma folha de papel, onde coloquei a substância.
Quando o alvo foi encher a caneca, iniciou a missão.
– Me aproximei da mesa. Puxei um assunto aleatório. Assim que ele desviou o olhar, virei a folha e o laxante caiu no café. Tive tempo de rapidamente mexer com o dedo para ajudar a diluir o laxante.
No outro dia, o colega dedo de seta chegou desalinhado. Aparência péssima. Com olheiras, descabelado e reclamando:
– Acho que comi algo que não me fez bem. Passei a noite toda no banheiro.

Fase dois, a praga de baixinho

Recuperado, voltou a repetir as petulâncias de se achar superior. O ambiente carregado de novo. Passou dois dias e nosso herói repetiu a proeza. No fim do expediente, antes do alvo sair, Pintinho alertou:
– Olha aqui cara, chegou disso. De ficar incomodando os outros, de sempre se meter e querer ser melhor porque é amigo do chefe. Se não parar com isso, vou te rogar uma praga e não vai ter banheiro que chegue a tempo. Vai passar só no trono!
A ameaça é um truque psicológico, de antecipação de expectativa. Dito e feito, o alvo teve mais dias de cólicas e movimentos intestinais acima do normal.
Em meio ao sofrimento, o colega mala pensou:
– Poxa, esse baixinho é poderoso. Não vou mais mexer com ele.
Foram duas semanas da abordagem estratégica até o resultado final. Depois disso, tudo ficou perfeito, afirma o guru da guerrilha.

Alerta de ironia

Escritores de ficção afirmam que tudo é autobiográfico. Mas quero deixar claro, nunca coloquei laxante nem roguei praga a ninguém. Também não quero que pensem que devam fazer isso. Sou adepto dos métodos pouco invasivos nas relações laborais. Em especial para deixar sempre o banheiro livre e limpo.
Quanto aos malas no trabalho, eu ainda sou o maior de todos! Esse título ninguém me tira. Talvez por isso tenha dores de barriga tão seguidas.

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