Como começou o seu envolvimento com o carnaval?
Eu sempre amei o carnaval, desde criança. Adorava ir assistir aos desfiles e quando a Inhandava entrava na avenida, sempre dava aquele arrepio que acontece até hoje. Em 2015 recebi o convite para fazer parte da diretoria da Inhandava e, dali em diante, fui me envolvendo cada vez mais. Em 2017 fui carnavalesca da escola, quando o tema era “Recordar é viver”. Recordamos, então, os desfiles que marcaram a história da entidade.
Desde quando desfila e como se tornou Rainha do Carnaval?
Desfilo desde 2015 e este ano fui escolhida pela diretoria da escola para ser a Rainha do carnaval!
O que isso significa pra você?
O significado do carnaval pra mim é amor, pois quem está ali é porque ama mesmo, num geral, desde as pessoas que viram noites montando as alegorias, até as pessoas que vão até a avenida nos prestigiar.
Como é ser uma mulher trans e estar nesse meio?
É fantástico ver mulheres trans se destacando. Pra mim é de grande importância estar à frente do carnaval de Bom Retiro do Sul. É gratificante ter o apoio da escola de samba que dá voz, espaço e visibilidade a toda comunidade LGBTQIA+.
É a primeira vez que uma mulher trans assume essa posição de Rainha do Carnaval? O que isso significa?
Sim, foi uma honra poder levar esse título e mostrar a nossa força na avenida. A escola já vem desenvolvendo um papel social há bastante tempo. Tivemos, em 2020, uma Rainha da Diversidade, mas em 2023 foi a primeira vez, nos 40 anos da escola, que uma mulher trans é eleita Rainha do Carnaval. Esse marco no carnaval de Bom Retiro Do Sul mostra que a cidade está tendo um avanço considerável e um desenvolvimento social constante. A Inhandava tem um papel fundamental para isso estar acontecendo.
Como foi esse processo de quebrar barreiras e ocupar a avenida?
No início não foi fácil, mas nunca pensei em desistir. Enfrentei muitas barreiras, mas isso só me dava mais força e vontade de seguir em frente e mostrar que eu seria capaz de chegar onde eu cheguei hoje.
Além disso, você é empreendedora. Conte um pouco sobre isso…
Sim, tenho 25 anos e sou cabeleireira. Abri meu salão aos 18 anos, foi um dos passos mais importantes da minha vida. Tenho muito a agradecer a Deus, minha família e amigos que tiveram comigo no início. Hoje tenho orgulho em ter me tornado uma das referências da cidade no ramo da beleza.