Cultura nas marchinhas  e na ponta do pé

Opinião

Bibiana Faleiro

Bibiana Faleiro

Jornalista

Colunista do Caderno Você

Cultura nas marchinhas e na ponta do pé

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Ao som do pandeiro, do batuque, do samba-enredo, entra pela avenida os foliões fantasiados. Muito brilho, muita festa. Muita história. Essa cena dos sambódromos é fácil de imaginar. Mas, se prestarmos atenção, a festa não é só festa. É cultura, é tradição.

O nosso carnaval, como conhecemos, é celebrado este ano no dia 22 de fevereiro. Característico pelo ritmo do samba envolvente, ele é democrático e, mesmo quem não sabe sambar, arrisca alguns passos e pode ser passista na hora de ir às ruas. Mas nem sempre a festa foi assim.

Essa tradição cultural brasileira, na verdade, como quase tudo o que chega aqui, veio dos portugueses, que trouxeram ao Brasil uma mistura da marcha açoriana com ritmos norte-americanos. Em terras sul-americanas, a criatividade, o molejo e a alegria transformaram o carnaval. Na década de 30, o gênero se consolidou.

Sabe aquela marcha que a gente conhece bem? “Ó abre-alas que eu quero passar/Eu sou da Lira, não posso negar/Ó abre alas que eu quero passar/Rosa de Ouro é quem vai ganhar”. Foi a primeira letra feita especialmente para o carnaval.

Depois, surgiram outras, como a “Marcha do Caracol”, de Peter Pan/Afonso Teixeira, “Pedreiro Waldemar”, de Roberto Martins/Wilson Batista, e tantas outras. Lembro, aqui, a letra da primeira: “Há quanto tempo não tenho onde morar/Se é chuva apanho chuva/Se é sol apanho sol/Francamente, pra viver nessa agonia/ Eu preferia ter nascido caracol”.

Não sei se vocês lembram de uma reportagem já vinculada no Grupo A Hora sobre uma família de viajantes de Arroio do Meio que foi rolando em um barril até o Rio de Janeiro? Há quem diga que essa aventura tenha inspirado a marchinha.

Mas, antes disso, se a gente observar bem, essa letra também carrega um tema importante como, por exemplo, a habitação. Da mesma forma que a marchinha “Pedreiro Waldemar”, que diz: “Você conhece o pedreiro Waldemar?/Não conhece, mas eu vou lhe apresentar/De madrugada toma o trem da circular/Faz tanta casa e não tem casa pra morar/Leva a marmita embrulhada no jornal/Se tem almoço, nem sempre tem jantar/O Waldemar, que é mestre no ofício/Constrói o edifício e depois não pode entrar”.

Esses são exemplos, mas o carnaval traz muito mais a cada ano. Seja como for, nos sambódromos, nas ruas ou dentro das casas, não há como negar a cultura que carrega cada samba-enredo. É por meio dela que a gente aprende, se torna mais diverso, mais empático. As escolas nos mostram isso: o carnaval é vida e a gente não pode deixar ele morrer!

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