Ciclistas questionam ciclovia e advertem para padrão da obra

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Ciclistas questionam ciclovia e advertem para padrão da obra

Usuários consideram que trecho entre Imigrante e Daltro Filho parece mais com uma calçada. Municípios divergem em projetos que contemplam trajeto. Investimento total soma R$ 12 milhões

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Atualizado sexta-feira,
17 de Fevereiro de 2023 às 12:42

Ciclistas questionam ciclovia e advertem para padrão da obra
Trecho em Imigrante foi construído com concreto, forma considerada fora de padrão pelos ciclistas. Crédito: Mateus Souza
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Obra apresentada como a maior da América Latina,  a ciclovia entre três municípios, vira assunto polêmico. Tudo por conta do formato destinado às bicicletas. Nas redes sociais, o descontentamento cresceu a partir da divulgação de imagens do trecho de Daltro Filho por parte do Executivo de Imigrante.

A construção da ciclovia iniciou em outubro do ano passado. A obra é custeada com recursos do Estado, por meio do programa Avançar no Turismo, e com contrapartidas dos municípios. Porém, na medida em que os trabalhos avançam, também cresce a frustração de ciclistas que pedalam pelo trecho, seja para o deslocamento casa/trabalho ou também para o lazer.

Um dos fundadores do grupo Vale Ciclismo, Fabrício Meneghini frequenta o trecho há mais de dez anos. “Para mim, é uma calçada de passeio, com concreto. É estreita e, em dias de chuva, ficará muito perigoso. Em qualquer lugar do mundo, a ciclovia é feita com asfalto e tem a divisória com os cocurutos”, argumenta.

Meneghini comenta que o grupo aguarda pela ciclovia faz anos, sobretudo para aumentar a segurança em meio à rodovia. Porém, até o momento, o sentimento é de decepção. “Fizeram um grande anúncio para fazer aquilo. Ninguém achava que a ciclovia seria assim. Um modelo que nem de longe é o ideal”, sustenta.

Expectativa e frustração

Ciclista há dez anos, Eduardo Wagner Costa pedala com certa frequência no trecho onde ocorre a construção da ciclovia. Ficou surpreso com a estrutura que está sendo preparada em Imigrante. Para ele, da forma como está, será prejudicial tanto aos grupos de ciclistas casuais quanto aqueles que treinam mais a sério.

“Na teoria, a ciclovia é um espaço separado da pista, e o projeto até remete a isso. Mas precisa ter metragens específicas. Nesse caso, teria sido muito mais efetivo a implantação de um acostamento e feito uma ciclofaixa”, pontua. Na avaliação de Costa, o trecho de Imigrante tende a virar um caminhódromo semelhante ao existente na saída em direção a Colinas.

Divergência entre projetos

Com projetos independentes entre os municípios, a tendência é que a ciclovia não mantenha um padrão. Se o descontentamento dos usuários se dá pela implantação de trechos em concreto em Colinas e Imigrante, Estrela desde o início prevê uma pista somente com asfalto.

O prefeito de Imigrante, Germano Stevens, afirma que um estudo urbanístico foi feito para embasar o projeto técnico e aprovado pela Secretaria de Turismo do Estado. “A finalidade da ciclovia é lazer e turismo, sendo que ela está dentro das normas”, garante.

Ele destaca que no perímetro urbano o espaço para ciclistas está junto à rua, com a devida sinalização. “O investimento na ciclovia tem necessariamente que ser proporcional à demanda de ciclistas, ao número de habitantes e adequada à receita do município onde ela está instalada.”

Maior parte asfaltada

Em Colinas, o prefeito Sandro Herrmann confirma que alguns trechos realmente serão em concreto. “Aproveitamos uma calçada existente, para não precisar refazer tudo.” Outra área, mais íngreme, também será feita em concreto, próxima ao limite com Imigrante, pela impossibilidade de acesso da máquina de asfalto.

O engenheiro do município, Rodrigo Bertolini da Rosa, explica que a maior parte do trajeto será em asfalto, e que na parte urbana a ciclovia será compartilhada com a passagem de veículos. Já os responsáveis pelo trecho da ciclovia em Estrela ressaltam as diferenças entre o projeto da cidade para os outros dois. Os 13 quilômetros entre a ponte da Linha São José e o limite com Colinas serão totalmente asfaltados.

O fiscal da obra, Rodrigo Skrsypcsak, pontua que será feita uma base, com uma camada asfáltica por cima. Ele atribui à questão do local da ciclovia os formatos diferentes de projetos, que em Estrela passa apenas pela ERS-129. “Em parte essas diferenças são porque a rodovia é estadual somente em Estrela. Então utilizamos o padrão do Daer”, conclui.

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