“Às vezes, alguém só precisa dar o primeiro passo”

ABRE ASPAS

“Às vezes, alguém só precisa dar o primeiro passo”

Ana Carolina Dienstmann Schneider, 19, é conhecida por ser a primeira barbeira de Lajeado. Em uma profissão predominantemente masculina, com o pente e a tesoura na mão, ela mostra que fazer barba e cabelo também é coisa de mulher.

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“Às vezes, alguém só precisa dar o primeiro passo”
Crédito: Jonas Betti/Divulgação
Lajeado

Como é ser a primeira barbeira de Lajeado? Quando começou?

Finalizei o curso de barbeira em dezembro de 2022 e em janeiro deste ano me tornei colaboradora na Aparato Barbearia. Mas antes de ter a certeza sobre isso, conversei com amigos e familiares e muitos comentaram sobre mulheres que finalizaram o curso, mas que não decidiram seguir com a profissão ou que tornaram-se cabeleireiras. Conversando com outras pessoas, foi comentado sobre ter uma barbeira em Arroio do Meio, porém, em outras cidades não tenho conhecimento.

O que te incentivou a ser barbeira?

Eu acompanhava meu tio quando ele ia cortar o cabelo e um dia o barbeiro dele disse “Bah Ana, porque tu não vira barbeira?”. Pensei que era loucura por não ter nenhuma mulher que atende só o público masculino. Mas vi que seria inovação para a cidade e investi no curso.

Meu pai contou que meu avô cortava cabelos quando mais jovem e, por conta do trabalho, acabou deixando de lado. Isso me incentivou ainda mais. Minha família sempre foi a minha base. Minha tia Maila e minha mãe Cristiana foram as que mais me apoiaram. Quando pensava em desistir, elas me lembravam que tudo que fazemos tem seus altos e baixos e que o importante é não parar.

Você teve alguma dificuldade no início?

Tive receio, pois achava que o pessoal não iria querer cortar comigo. Mas não foi isso que aconteceu. Fico feliz demais a cada atendimento que faço e sinto que os clientes saem felizes da barbearia. Vários clientes me elogiaram por inovar e comentaram que quando mais novos, era uma mulher que os atendia. Atendo também mulheres que costumam manter seu corte de cabelo mais curto com um corte na nuca ou nas laterais.

O que você mais gosta na profissão?

Poder conversar e atender as pessoas. Sinto que ali é um dos momentos do dia em que a pessoa conversa sobre coisas diferentes, um momento para relaxar e sair um pouco da rotina. Risadas e trocas de conhecimento acontecem com frequência. Não é somente um corte ou uma barba, é a autoestima da pessoa que está ali sentada.

Como você percebe a atuação das mulheres nesse ambiente que, historicamente, tem mais atuação masculina?

Aqui na região há poucas pessoas que decidem mudar de área ou atuar em um nicho diferente. Acompanho a Tia Rafa que é referência aqui no estado e também a Helen Bragança que atua em Belo Horizonte, são mulheres diferentes que decidiram investir e trabalhar em um ambiente mais masculino. É importante termos exemplos. Hoje, vejo que outras mulheres fazem curso para serem barbeiras aqui em Lajeado. Às vezes, alguém só precisa dar o primeiro passo.

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