Mais de 10 mil  pacientes na fila em Estrela e Lajeado

CONSULTAS ESPECIALIZADAS

Mais de 10 mil pacientes na fila em Estrela e Lajeado

Governo federal anunciou recursos para destravar procedimentos de média e alta complexidade pelo SUS. Estado e municípios têm 30 dias para apresentar relatórios e planos de ações

Por

Atualizado quarta-feira,
15 de Fevereiro de 2023 às 12:18

Mais de 10 mil  pacientes na fila em Estrela e Lajeado
Estado e municípios preparam mutirão para destravar cirurgias eletivas, exames e consultas pelo SUS. Crédito: Arquivo/A Hora
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O Ministério da Saúde anunciou o repasse de R$ 32 milhões ao RS para consultas, exames e cirurgias represadas desde a pandemia. Em Estrela e Lajeado, essa espera atinge pelo menos 10,2 mil pessoas. Entre as maiores demandas, estão as áreas de reumatologia, endocrinologia e traumatologia.

Conforme profissionais de saúde, nos últimos dois anos houve o cancelamento de procedimentos. Agora, com a retomada de atendimentos eletivos registram aumento da fila no Sistema Único de Saúde (SUS). Para avançar nos serviços, há demanda de recursos e investimentos na infraestrutura e em profissionais.

Para apurar a necessidade em cada município e promover mutirões, o Estado estabeleceu o prazo de 30 dias para o diagnóstico. A expectativa nesse primeiro momento é que o RS receba R$ 10,7 milhões, e o restante de acordo com a evolução dos serviços. Levantamento preliminar indica que somente em Lajedo são mais de 8,3 mil pessoas na fila por avaliação médica especializada.

Em um dos casos, uma mulher de 33 anos aguarda por cirurgia há cinco anos. Ela sofreu deslocamento de patela e segundo familiares passou por vários atendimentos e consultas, mas ainda não foi encaminhada para o procedimento. A expectativa é que na próxima semana ela seja atendida em Arroio do Meio para um diagnóstico mais preciso.

Para os gestores das casas de saúde, a indicação dos recursos é imprescindível a fim de suprir o baixo número de cotas mensais do SUS. A intenção do governo é no decorrer do ano reduzir para níveis pré-pandemia a espera de cirurgias programadas. Com aporte da União, o objetivo é viabilizar 72 mil procedimentos nos mais de 70 hospitais homologados.

Demanda da rede hospitalar

Pela avaliação do presidente do sindicato dos hospitais filantrópicos do Vale do Taquari, Fernando da Gama, o Estado ampliou o suporte na área. “Houve uma evolução importante por meio do programa Assistir, que permitiu o acesso a cirurgias e profissionais.”

Gama ressalta, no entanto, a necessidade de investimentos na infraestrutura de hospitais. Para isso, defende aportes e a descentralização dos atendimentos. “Bom Retiro do Sul é um dos exemplos positivos, pois voltou a fazer cirurgias eletivas. Também temos o exemplo de Teutônia e tantos outros hospitais que se tornam referência.”

Programa do governo federal visa liberar recursos para destravar cirurgias represadas desde a pandemia. Crédito: Arquivo

Descentralização de atendimentos

Casos de traumatologia hoje são encaminhados para hospital de Canoas. Para destravar a espera pelos procedimentos e viabilizar os atendimentos na região, avançam tratativas para habilitar a especialidade no Hospital Estrela.

Articulação conjunta entre governo do Estado, município e direção da casa de saúde busca a referência para situações de alta complexidade.

Essa habilitação depende do aval da União. Nesta etapa são organizados os documentos e estabelecidas as referências para cadastramento da solicitação junto sistema federal específico para estas ações. Nos próximos 30 dias deve haver uma reunião para dar os encaminhamentos necessários. Em recente reunião, a secretária estadual Arita Bergmann recebeu representantes do município.

Ela solicitou que seja enviado um plano operacional para avaliar aspectos técnicos e financeiros. “A habilitação do Hospital Estrela em traumato será mais um grande passo para o atendimento da população da região dos Vales. Por isso, a secretaria concentra esforços para que se possa avançar no pleito com a maior brevidade possível.”

Cirurgias represadas na pandemia

O governo de Estrela estima que mais de 1,8 mil pessoas aguardam atendimento de primeira consulta com especialistas. De acordo com o secretário Celso Kaplan, a fila dobrou durante a pandemia e também há maior procura pelos serviços do SUS diante do cancelamento de planos particulares. “A definição se o paciente precisa de cirurgia ou não é do médico.”

Kaplan destaca ainda não ser possível mensurar quantos aguarda por procedimento cirúrgico. Segundo ele, o diagnóstico exige várias etapas e com isso gera também demora para exames. Neste caso a maior demanda é por tomografia e ressonância. “Cada prestador possui lista além da regulação que é feita pelo Estado.”

Hospital de Estrela busca habilitação como referência para procedimentos de alta complexidade em traumatologia. Crédito: Arquivo

Fila única regional

A demanda por consultas com especialistas gera espera de 8,3 mil pessoas em Lajeado. Segundo a supervisora de Regulação e Auditoria da Sesa, Leise Fernanda Sehn Rocha, os pacientes são cadastrados no sistema do Estado e seguem para uma lista regional. “Antes esse controle era no município, mas desde agosto do ano passado foi implementada essa nova plataforma.”

Leise reitera que há maior demanda por média e alta complexidade. “A atenção básica de competência do município conseguimos resolver. Já para os casos encaminhados ao Estado não há como dar previsão. Tem pacientes que esperam há mais de quatro anos.”

De acordo com Leise, essa fila segue critérios clínicos e protocolos de saúde. Já em relação à demanda reprimida na pandemia destaca o fato de hospitais que ficaram referência para outras áreas e não abriram para cirurgias eletivas. “Essa lista aumentou e não foi retomada no mesmo ritmo anterior a 2020.”

Especialidades

Uma das especialidades oferecidas na região é o da oftalmologia. Com estrutura no Hospital Beneficente Santa Terezinha (HBST), em Encantado, são atendidos pacientes de 37 municípios do Vale do Taquari. Há pelo menos 2 mil solicitações de procedimentos cirúrgicos, que vão desde o tratamento de pequenos nódulos a casos de cataratas.

Outra referência é o Hospital Ouro Branco, em Teutônia. Pelo menos 184 pacientes aguardam confirmação do Estado para procedimentos. A maior demanda é por cirurgia geral e traumatologia. A direção da casa de saúde reitera a necessidade de mais recursos para viabilizar o atendimento.


Programa nacional

– Para a adesão da Secretaria Estadual de Saúde (SES) ao programa do Ministério da Saúde, será elaborado um plano de ações em parceria com o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do RS (Cosems/RS) e pactuados na Comissão Intergestores Bipartite (CIB);

– O plano estadual deve conter, no mínimo: relação dos serviços de saúde, meta de redução das filas em 2023 e cronograma de aplicação do recurso;

– Diagnóstico dos municípios precisa ser finalizado pelo Estado até 6 de março;

– Em Lajeado e Estrela, a espera por consultas de especialistas alcança 10,2 mil pessoas.

Acompanhe
nossas
redes sociais