O tubarão no tanque

Opinião

Albano Mayer

Albano Mayer

Administrador de Empresas, Empresário, Consultor e Assessor de Gestão

Entusiasta do tema liderança

O tubarão no tanque

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Uma das principais proteínas da alimentação japonesa é o peixe. Por isso, os navios pesqueiros, com seus grandes tanques de armazenamento, passam dias em alto mar, em busca da maior quantidade de pescados. Na medida que o tanque vai se enchendo, porém, ocorre uma grande mortandade destes por falta de comida, mobilidade ou mesmo oxigênio.

Reza a lenda que, em algum momento da história japonesa, ao retornar ao porto, um dos pesqueiros percebeu que poucos peixes do seu tanque haviam morrido. Começaram, imediatamente, a esvaziá-lo, tentando mantê-los vivos e frescos, com o intuito de desfrutar dos resultados desta grande pescaria. O que o capitão não esperava quando terminou a tarefa de esvaziar o tanque, porém, era encontrar no seu fundo um pequeno tubarão.

O tubarão teve a árdua tarefa de agitar, durante a viagem, o tanque recheado de pescados. A inquietude no cardume garantiu, assim, que não houvesse mortes até retornarem ao porto. Desde então, em pescarias longas, tornou-se hábito colocar um tubarão para movimentar os peixes dentro tanque. Com isso, alguns destes são sacrificados, mas a perda é muito menor do que a mortandade anterior.

Gosto muito dessa história. Ela retrata o quanto mudanças são necessárias. Foi necessária uma guinada radical: um predador tirar o cardume da sua zona de conforto para que ele se mantivesse vivo e fresco. Se esse fato não tivesse ocorrido, os peixes continuariam a perecer antes de chegar ao porto…

Esta semana ouvi um radialista elogiando a zona de conforto. Dizia ele que é um lugar maravilhoso, onde podemos ficar quietos e aproveitar as boas coisas da vida (o que não deixa de ser uma verdade…). Porém, será que não estamos nos acomodando como os peixes? Será que logo pereceremos pela nossa inércia, afogados no desânimo da falta de objetivos? Ou será que seremos atropelados pela competitividade estabelecida no mercado de trabalho em que atuamos?

A decisão de aceitar ou não que as coisas precisam mudar é nossa. Somos nós que criamos os nossos platôs de acomodação, nos tornamos reféns da nossa baixa evolução e esquecemos que fomos criados para nos adaptarmos e evoluir.

Gosto de comentar nas empresas em que trabalho que, muitas vezes, eu sou o tubarão no tanque! Me encarrego de sacudir as pessoas, e apresentar a elas um novo mundo a ser explorado, desafiado e desenvolvido. E, por vezes, vivencio e aprendo junto sobre estas novas oportunidades de mudança.

Acredito que, periodicamente, devemos jogar um tubarão nos tanques das nossas vidas. Movimento gera evolução e crescimento. Esteja preparado para o seu “tubarão no tanque”, e, depois, compartilha esta experiência. Precisamos salvar os nossos cardumes.
(Este é meu 48º artigo publicado, uma experiência que jamais tinha experimentado, obrigado àqueles que me acompanham, em especial ao Grupo A Hora, por ter colocado esse tubarão no meu tanque!)

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