Somos quase 100 mil

LAJEADO 132 ANOS

Somos quase 100 mil

Crescimento populacional projetado pelo IBGE coloca Lajeado entre as 20 cidades mais populosas do RS. Ao mesmo tempo em que reforça potencial como polo regional e do interior, também aumenta responsabilidade em garantir melhores serviços à comunidade

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Somos quase 100 mil
Avenida Benjamin Constant (Foto: Aldo Lopes / Grupo A Hora)
Lajeado
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Quase 26 mil novos moradores em 12 anos. Esta é a projeção de crescimento populacional de Lajeado de 2010 a 2022. A prévia do Censo divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprova definitivamente que o município mais populoso do Vale do Taquari está entre os destinos mais procurados do RS por pessoas que buscam uma melhor qualidade de vida.

Neste período, apenas três cidades do RS – Caxias do Sul, Santa Maria e Passo Fundo – tiveram um aumento populacional superior, em números absolutos, o que indica a força de Lajeado. Frequentemente, a cidade aparece entre as melhores do país para se viver na faixa de até 100 mil habitantes. Com a marca batendo à porta – são 97 mil, com a coleta ainda em andamento – a responsabilidade também aumenta.

A chegada de novos moradores a cada ano exige serenidade dos gestores públicos. Em muitos casos, são famílias inteiras que escolhem Lajeado para uma nova vida. Se muitos desembarcam no município por conta das oportunidades de emprego em diferentes setores, nem todos conseguem se colocar imediatamente no mercado de trabalho.

Além disso, a nova realidade que se desenha para Lajeado impacta sobre outros setores. Entre elogios e críticas na saúde, o governo prepara uma reestruturação do sistema, com ampliação de unidades e construção de novos postos. Na educação, para dar conta da demanda crescente, escolas e creches também serão ampliadas para o aumento de vagas.

Centro de Lajeado (Foto: Aldo Lopes / Grupo A Hora)

Atender da melhor forma possível

Uma das secretarias mais impactadas pelo aumento populacional é a de Desenvolvimento Social – antiga Sthas –. Como muitos dos novos moradores chegam a Lajeado sem emprego garantido ou uma escola para o filho estudar, são necessários um apoio e acompanhamento constantes, até que a situação melhore.

“Muitas pessoas vêm aqui com a perspectiva de um bom emprego, mas chegam despreparados para o mercado de trabalho. Consequentemente, sem condições de conseguir uma moradia digna. É algo que acontece muito e, na medida do possível, a gente faz o que pode para atendê-la da melhor forma possível”, explica a secretária Céci Gerlach.

Inicialmente, no atendimento a essas pessoas, é feita a inclusão no Cadastro Único (CadUnico) do governo federal. Quando são moradores de outras cidades, é feita a transferência do município de referência desse benefício para Lajeado.

“Ele é a porta de entrada para a organização dessa questão documental. Depois, são atendidos nos Cras, onde é feita a acolhida para entender o contexto de vida desse pessoal. E, junto com eles, planejar aquilo que é possível e viável, como encaminhamento ao mercado de trabalho e contatos para matrícula nas escolas municipais.”

Para a população mais vulnerável, Lajeado conta hoje com um espaço destinado exclusivamente a esses moradores. Localizado no bairro Florestal, o Abrigo São Chico tem vaga para 44 pessoas. Há também a Casa de Passagem Shalon, com a qual o Executivo terá convênio a partir deste ano. A capacidade é de 23 residentes.

Reestruturação

Por conta do cadastro próprio, a Secretaria de Saúde de Lajeado já projetava uma população atual acima dos 90 mil habitantes. Como primeira medida, o governo aumentou as horas médicas nos últimos anos. Um aumento de 30% desde 2020, passando de 860 horas semanais para 1,1 mil horas.

“Mas com isso, percebemos que as áreas físicas estão no limite e exigem crescimento”, admite o secretário Cláudio Klein. A saída inicial para o setor passa por investimentos a curto prazo. Entre eles, a construção dos novos postos de saúde do Centro, São Cristóvão e Conventos, a duplicação da capacidade da unidade do Olarias e a reforma completa do posto do Montanha.

A intenção é que duas dessas obras sejam entregues até o fim do ano e, as demais, até o fim de 2024. Além disso, o governo projeta a ampliação do modelo de teleconsulta. Além da consulta médica, irá oferecer atendimentos em nutrição e psicologia a partir do primeiro quadrimestre deste ano.

Klein comenta que, após a divulgação dos dados preliminares do Censo, uma reunião específica discutiu o tema e um grupo de trabalho foi criado para avaliar os dados e projetar os próximos passos.

“Precisamos saber em quais bairros o crescimento é maior, qual a faixa etária dessa população, as necessidades em termos de acesso à saúde, educação e assistência social, o poder aquisitivo médio da população e a evolução nos últimos anos e o ritmo de crescimento para programarmos os próximos anos”.

Demanda crescente

Na área da educação, para dar conta da demanda por matrículas na rede municipal de ensino, a saída é ampliar a oferta de vagas.

Para isso, algumas escolas e creches já estão em obras e outras novas em construção. Caso da futura Emei Bom Pastor, aguardada há anos pela comunidade local.

Hoje, quase 10 mil crianças são atendidas nas escolas municipais da cidade. Destas, 6,2 mil estão nas Emefs (ensino fundamental) e 3,3 mil nas Emeis (educação infantil).

Parque Ney Santos Arruda (Foto: Aldo Lopes / Grupo A Hora)

Ônus e bônus

Economista e doutora em Desenvolvimento Regional, Cintia Agostini avalia que Lajeado ainda mantém características de cidade interiorana. Mas, ao mesmo tempo, vê crescer a urbanidade. Por isso, entende que o maior desafio tem a ver, sobretudo, com políticas públicas às pessoas que vêm de fora.

“Há aspectos muito positivos nisso e, claro, o ônus de ser o município central. Quando se atrai um grande número de novos moradores, tem que dar condições a essas pessoas. Elas vêm porque percebem oportunidades, bons indicadores e procuram um lugar melhor para viver. Os desafios são característicos das cidades médias”, pontua.

Embora exista o problema, Cintia entende que é necessário enxergar também sob a ótica da oportunidade. “O governo tem que entregar serviços em educação, saúde, segurança e saneamento de qualidade, e também dar condições e estimular os negócios para que essas pessoas tenham boa condição de empregabilidade. Ter mais opções de emprego e renda dá retorno. Então, há muitas vantagens, até para o entorno de Lajeado”.

*Esta matéria integra a revista Pensar Lajeado 2023. Clique AQUI e acesse na íntegra

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