Netfritz a cabo

Opinião

Carlos Martini

Carlos Martini

Colunista

Netfritz a cabo

Por

Não te contei? Então vou te contar: uma das principais preocupações do meu Cumpádi Belarmino quando se bandeou de mala e cuia do Rincão dos Cardoso, láááá da Bossoróca pra Linha Roncador, na boa terra de Colinas, eram as tal de comunicações. Pega sinal de celular, nem que seja pelo rabo? Vai ter acesso a “internetchê”, mesmo à base de tiro de laço? Tratou logo de buscar uma conexão via rádio com algum provedor, que funciona muito bem.

Pois à felicidade do cumpadre a internet à cabo passava dentro da propriedade, garantindo um belo acesso desde o celular até as netfritz da vida. Até a patroa começou a trabalhar em homeworking enquanto tratava as galinhas, sem falar nas trovas com as vizinhas via uatisápi. Podem crer: a maior acessibilidade às telecomunicações modernosas é um fator importante para a manutenção e até pelo retorno à vida rural.


A pior decisão é não tomar decisão nenhuma

Imagino que qualquer um que tenha alguma vivência nas complexas cadeias produtivas de integrações avícola, suinícola e bovinocultura de leite aqui não vai “desconcordar”: ração é insumo fundamental e qualquer solavanco mais graúdo nessa principal variante da estrutura de custo da produção costuma doer no lombo.

E como qualquer campeiro sabe, até mais importante do que observar como está o corpo do boi é avaliar como está a pastagem. Se o gado entrar gordo e a “bóia” é curta, vai emagrecer ligeiro. Se o gado entrar meio magro e a pastagem é farta não vai demorar pra engordar e ligeirinho ficar redondo.
Voltando à vaca fria: aqui por essas bandas e por muitas outras ração animal precisa de dois insumos básicos: milho como fonte energética e farelo de soja como fonte proteica, na média 70 por 30%. Tem outras, mas por aqui são as mais importantes.

O Vale do Taquari tem uma das maiores, senão a maior, concentração do estado de integrações produtivas nesses setores e também de produção de rações animais, por consequência. E na minha modesta avaliação, estas cadeias produtivas continuam sendo o principal “rio” que abastece o nosso “manancial” econômico.

Há muito tempo, lá pela década de 1970, quando foram idealizadas e implantadas por aqui essas integrações, a produção agrícola regional desses insumos essenciais para a industrialização de rações gerava quase uma auto-suficiência. Com o tempo o setor de fomento/industrialização de proteína animal cresceu muito mais do que a capacidade local de produzir essas matérias-primas em volume suficiente para garantir o abastecimento interno regional. Hoje em dia tem que trazer de fora, de outras regiões e até de outros estados meio distantes, além de disputar o mercado com as exportações de commodities.


ESTRUTURAS DE PODER

O que costumamos chamar de Democracia, ou de Estado Democrático de Direito, supostamente ancorado num tal de voto “popular e democrático”, na real passa longe disso.

Quem manda no campo é o dono da bola, igual jogo de pelada no interior. Na hora do “pega pra capar” são eles que definem quais times vão jogar e quais os respectivos jogadores serão escalados. Os mais experientes costumam escalar seus próprios atletas nos diversos times da competição. A arquibancada torce pra um ou outro lado, mas para o dono da bola tanto faz como tanto fez quem ganha o jogo.

Determinadas estruturas de poder real perdem umas dentadas e ganham outras, mas nunca largam o osso. Houve um tempo em que a hegemonia relativa das estruturas de poder mais organizadas duravam anos e anos, tipo campeonato disputado entre profissionais x amadores. Hoje em dia não é mais assim, os amadores pelo jeito sumiram do mercado, também viraram profissionais.


PARTIU PRAIA!

Como regra geral quem detém poder real não gosta muito de se expor, principalmente em ambientes políticos. Pra isso existem os espelhos do poder, normalmente bem emoldurados e lustrosos.

Não vou entrar em detalhes sobre essa geringonça entreverada de Estado Oficial e Estado Paralelo. Mas vale lembrar que a lei pode até dar o direito, mas não garante a coragem. Aí são outros 500.


SAIDEIRA

Nôno e nona lembrando do casamento:
– Tu casou comigo por quê?
– Sempre te achei divertido.
– Mas também sou bonito e charmoso!
– Ahahah! Viu como tu é engraçado?

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