Eu, o presidente!

Opinião

Filipe Faleiro

Filipe Faleiro

Jornalista

Eu, o presidente!

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Como quem tem limite é município, e daqui pra frente só pra trás, está na hora de abandonar o navio. Todos já sabem que o Brasil acabou. Sem nenhuma condição de conversa, nem tentativa de remendo – pois no improviso a gente está faz tempo.

Inclusive existe um plano, amplamente difundido pelas redes sociais (se está na internet é verdade, eu recebi no whats), em vez de um muro, como o Donald Trump prometeu (e não cumpriu), a ideia é instalar um cinturão de dinamite entre as fronteiras das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e, de fato, dividir o país.

Inclusive comunidades ribeirinhas das fronteiras internas já estão em deslocamento para áreas seguras, escolhendo o lado que vão ficar. Aproveito para avisar: gaúchos que estão no Nordeste neste verão. Atenção: pode ser que fiquem do outro lado da nova ilha do Brasil. Tomem cuidado, não há chance de extradição.

Esse plano é conhecido por todos os acampamentos de escoteiros. Sendo assim, me antecipo para criar minha própria nação. Vou formar um governo provisório aqui na minha colônia. Ainda não defini o conceito de gestão, se vamos ser um anarquismo capitalista ou uma democracia autoritária. Mas, sem sombra de dúvidas, eu serei o Presidente (e com o “P” forte!).

Meu primeiro decreto, ah, esse eu sei bem. Proibir o acesso, a instalação no celular e mesmo a criação de contas nas redes sociais por baby boomers. Sim, vai ter limite de idade para usar WhatsApp, Facebook e afins. Tiozão terá outras formas para se comunicar. Para não dizerem que sou totalitário ou que persigo adversários, vou criar o “bolsa fax”. Um benefício com a possibilidade de enviar até 23 mensagens por mês pelo fax. Basta fazer a inscrição no cadastro plural dos programas sociais e fazer exame de fezes, além do psicotécnico, claro.

Outra coisa, como será um governo provisório, não teremos sede. Assim terminamos com o risco de depredação, ataque ou mesmo de, na falta do banheiro público, gabinetes virarem penico. Para as decisões, formulações dos projetos e assinatura de documentos, tudo será por meio do sistema “colônia office”, um modelo parecido com o trabalho remoto, mas com envio de documentos por pombo-correio.


Difícil reconhecer um erro deste tamanho

Nas trevas dessa era da pós-verdade, conseguir rir dos próprios erros se torna uma arma contra a loucura. A auto-flagelação depois de um ato estúpido eleva o estresse, a chance de doenças psíquicas, como a depressão. Impede a cicatrização das dores da alma. Sabe aquela ressaca moral? Pois então, ela é necessária, mas por tempo limitado.

Para erros grandes, reconhecer e pedir desculpas é um primeiro passo. Claro, também existem imputações jurídicas. Esse é um segundo passo. Agora, tentar relativizar os erros para continuá-los, daí não dá. Há um conceito, chamado de psicologia das massas. Em resumo, o indivíduo deixa de ter sua identidade quando está em meio a um comportamento coletivo. Passa a repetir os atos, como um efeito manada.

Neste contexto de hiperinformação, de imersão digital, criam-se guetos radicais e ideológicos. Potencializados pelas redes socais, pelas meias-verdades e narrativas desconexas, criam cenários difusos. Passa-se a viver em um constante estado de desconfiança. De que forças ocultas ameaçam a liberdade e que é preciso defender a todo custo a “minha” visão de mundo. Afinal, tudo que nos cerca está corrompido.

Por essas e outras recorro a Friedrick Nietzsche. O filósofo detalha a meta de esforço individual, pois uma sociedade elevada é uma abstração. Para ele, a finalidade da existência está no aperfeiçoamento do sujeito. Então, antes só do que mal-acompanhado.


Entendeu ou preciso desenhar?

O humor é um ato de resistência. No nosso país, toda ironia precisa ser explicada. É como colocar risadas e palmas como pano de fundo nas séries de comédia.


Vamos a la playa

Sim, este escriba de pouca noção e alguma criatividade entra em férias. Então, essa coluna é a última. Não sei se a última no sentido geral, ou se a última do mês de janeiro. Isso só quem sabe é quem manda. Até o momento, a informação que tenho é que retorno no dia 13 de fevereiro. Agora voltamos a nossa programação normal.

Acompanhe
nossas
redes sociais