Representação feminina nas presidências cresce 83% em 2023

CÂMARAS DO VALE

Representação feminina nas presidências cresce 83% em 2023

Ao todo, mulheres comandarão 11 legislativos no Vale, entre eles o de Lajeado. São cinco a mais do que no ano passado. Avat também será presidida por uma vereadora, fato inédito em 35 anos de atuação. Entre os partidos, MDB mantém liderança, mas terá menos gestores do que em 2022

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Atualizado sábado,
07 de Janeiro de 2023 às 08:16

Representação feminina nas presidências cresce 83% em 2023
Lajeado terá pela terceira vez uma mulher no comando do Legislativo. Paula Thomas (PSDB) assumiu em dezembro. Crédito: Felipe Neitzke
Vale do Taquari

“A região tem mais eleitoras mulheres. Tecnicamente, poderíamos ter eleito mais vereadoras. Mas, se entrar em outros contextos, enxergo um avanço aqui no Vale”. Parlamentar em primeiro mandato em Cruzeiro do Sul, Daiani Maria (MDB) é uma entusiasta do protagonismo feminino na política. E, de certa forma, representa essa mudança de paradigma na região.

Daiani é uma das 11 mulheres que estarão à frente das câmaras de vereadores no Vale do Taquari em 2023. Um crescimento de 83,3% na comparação com o ano passado, quando apenas seis exerciam a função. O número também é superior ao de 2021, ocasião em que foram eleitas oito presidentes do sexo feminino.

O levantamento foi feito pela reportagem A Hora com base nas eleições das mesas diretoras, ocorridas na maior parte nas últimas semanas de 2022. A exceção é Estrela, que definirá o novo presidente nos próximos dias. A tendência é de que Felipe Schossler, o Pinho (PTB) seja o escolhido pelos colegas para comandar a casa neste ano.

Nas eleições municipais de 2020, 69 mulheres foram eleitas na região para exercer mandatos nas câmaras de vereadores, num universo de 358 parlamentares. Isso representa quase 20% dos cargos em disputa.

Renovação

Estreante na eleição passada, Paula Thomas (PSDB) foi a escolhida para presidir a câmara de Lajeado neste ano. É apenas a terceira mulher a ocupar tal posto – as antecessoras foram Carmen Regina Cardoso, em 2000, e Neca Dalmoro, em 2019 – no maior parlamento regional. Com isso, espera inspirar outras mulheres.

“Aos poucos, nós começamos a ter uma representatividade maior. Apesar de sermos minoria, estamos começando a galgar esse espaço, a obter mais respeito”, comenta Paula, que ainda enxerga um preconceito enraizado na política. “Nunca sofri, dentro da câmara, um preconceito visível. Mas sabemos que é algo institucionalizado. E é contra isso que nós temos de lutar”.

Na presidência, Paula pretende dar sequência ao trabalho desempenhado pelo antecessor, Deolí Gräff (PP), no sentido de desburocratizar e modernizar alguns serviços do Legislativo. “O papel do presidente, em si, é fazer com que os trabalhos fluam da melhor forma possível. E, enquanto mesa, vamos dar continuidade a informatização dos processos, dar maior agilidade”.

Desafio regional

Cruzeiro do Sul tem uma das câmaras mais plurais no que diz respeito à representatividade feminina. Quatro das nove cadeiras são ocupadas por mulheres, incluindo Daiani, que também terá um desafio extra. Indicada pela atual diretoria da Associação das Câmaras de Vereadores do Vale do Taquari (Avat), ela deve ser a próxima presidente da entidade regional.

A eleição deve ocorrer na segunda quinzena deste mês. Se confirmar a eleição, Daiani será a primeira presidente mulher em 35 anos da associação. “Tivemos uma atuação muito efetiva no Avat Mulher e, quando surgiu a oportunidade, coloquei meu nome a disposição. É importante dar esse start na entidade, e ocupar um espaço que é nosso”, frisa.

Acolhida pela maior parte dos vereadores, Daiani espera trazer mais câmaras para dentro da Avat. Hoje, 24 são filiadas. “Tem muita câmara que não faz o seu real papel e são muito ligadas ao Executivo. Claro que a parceria é importante, mas os poderes precisam ser mais autônomos. Penso a Avat como uma força do Vale. Algumas já sinalizaram que estarão conosco. Isso nos tornará mais fortes”.

Só elas

Pelo menos uma câmara terá mesa diretora 100% feminina neste ano. O caso ocorre em Westfália, onde Tais Pott Rückert (PDT) estará à frente do Legislativo. Aos 25 anos, este será o grande desafio do seu primeiro mandato. Ao seu lado, estão Rejane Ahlert Eggers (PT) e Anelise Grimm Horst (MDB).

Poço das Antas, Vespasiano Corrêa e Cruzeiro do Sul também terão expressiva participação feminina nas mesas diretoras. Nas três, os cargos de presidente, vice e primeira-secretária são ocupados por mulheres neste ano, enquanto os segundos secretários são homens.

Força das siglas

Partido que mais elegeu vereadores em 2020 na região, o MDB se mantém como o líder no total de presidentes de câmaras. Serão 13 presidentes neste ano. Apesar da redução na comparação com 2022 – eram 21 – segue com protagonismo.

Depois do MDB, o PP é o partido com mais presidentes: 10. Na sequência, aparece o PSDB, com quatro, e o PDT, com três. PSB, PT e PTB estarão à frente de duas câmaras, enquanto PSD e União Brasil comandaram uma, cada um.

 

 

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