A previsão de pouca chuva nos próximos dias eleva a preocupação em áreas rurais. Já são pelo menos 310 famílias que dependem de caminhão-pipa para ter água potável em casa. A distribuição iniciou no mês passado e a cada dia chegam novos pedidos às prefeituras.
Diante deste cenário, os gestores preparam laudos para emitir decretos de emergência. O objetivo é ter apoio dos governos estadual e federal para minimizar impactos de mais um ciclo de estiagem. Além da preocupação com o abastecimento há o temor na quebra de produtividade nas lavouras de milho que atingem período mais sensível ao estresse hídrico.
Para reduzir perdas, produtores optam em fazer silagem e garantir a nutrição animal. Caso a falta de chuva se prolongue nas próximas semanas, há também impactos nas áreas com soja. No ano passado, a escassez de chuva gerou perdas acima de R$ 500 milhões na produção agrícola do Vale do Taquari.
Na época, como medida de socorro, o Estado anunciou a construção de açudes e perfuração de poços artesianos. Poucas destas obras ficaram prontas para este verão. Pela projeção da Emater/RS-Ascar foram autorizadas a abertura de pelo menos 290 açudes. A demora é justificada por restrições do ano eleitoral.
A expectativa agora é pelo avanço na construção dos reservatórios para armazenar água durante meses com maior volume de chuva. Na média dos últimos três anos a precipitação em doze meses se manteve na faixa de 1,5 mil milímetros. Contudo, no período entre novembro e janeiro há maior déficit.
Decretos de emergência
O RS já registra mais de 30 cidades em estado de emergência. As condições mais críticas são no noroeste gaúcho. No Vale, prefeitos também se organizam para encaminhar o pedido de auxílio. Esse é o caso de Boqueirão do Leão, Pouso Novo e Progresso. Técnicos da Emater e profissionais da Defesa Civil estão a campo na coleta de dados sobre as perdas.
“Estamos a uma altitude acima de 600 metros e isso requer perfuração de poços mais profundos. Algumas das fontes já secaram”, alerta o extensionista da Emater, Roberto Gottardi. Ele reforça ainda a necessidade dos moradores preservarem fontes de águas superficiais.
50 mil litros por dia
A Secretaria de Agricultura de Progresso atua na entrega de água para mais de 60 famílias. A demanda é tanto para consumo humano quanto para animais. “Distribuímos em média 50 mil litros por dia. Várias são as localidades com falta de água nos poços”, reitera o secretário Ronaldo Paloschi.
O cenário de estiagem se agrava diante do menor volume de chuva desde novembro. Enquanto em algumas cidades do Vale, a exemplo de Lajeado, nos últimos dois meses do ano choveu mais de 180 milímetros, em Progresso ficou abaixo de 90.
“Pedidos por água aumentam a cada dia”
Em Boqueirão do Leão são mais de 120 famílias com dificuldades no abastecimento de água potável. Desde o mês passado o governo municipal faz a entrega com caminhão-pipa. De acordo com o coordenador da Defesa Civil, Leandro Peterson, há a necessidade de colocar mais um veículo para as entregas.
“A situação é muito preocupante, ainda mais por não ter previsão de chuva em maior volume nos próximos dias”, enfatiza Peterson. Ele destaca ainda a expectativa pela liberação de recursos travados na Fundação Nacional da Saúde (Funasa) para construção de poços e redes de água.