Arte e inclusão: dança sobre rodas revela talentos e supera limitações

CULTURA

Arte e inclusão: dança sobre rodas revela talentos e supera limitações

Espetáculo no Teatro Univates na tarde de ontem foi protagonizado pelos alunos do projeto Corpo em Movimento, da Adefil

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Arte e inclusão: dança sobre rodas revela talentos e supera limitações
Além dos 30 dançarinos em cadeiras de rodas, voluntários da comunidade fizeram parte do espetáculo. Crédito: Bibiana Faleiro
Lajeado

No palco do Teatro Univates, com movimentos dos braços, tronco e cabeça em cima de cadeira de rodas, 30 dançarinos apresentaram o espetáculo “Corpo em Movimento” na tarde de ontem. Esse foi o primeiro show com deficientes físicos em grupo no Vale do Taquari, e contou com a colaboração de dançarinos voluntários.

Além de proporcionar um momento artístico, o projeto, que é resultado das aulas de dança da instituição nos sábados de manhã, busca melhorar a autoestima, o fortalecimento de vínculos e a inserção social de pessoas com deficiência física. O espetáculo contou com cerca de dez coreografias ensaiadas durante 12 meses. Entre as apresentações, estava a valsa de mão trocada e a valsa do imperador.

Ramon acompanhou Kátia em alguns ensaios e prestigiou a irmã no espetáculo na Univates. Crédito: Bibiana Faleiro

No grupo, Kátia Espíndola Sambrana, 50, era uma das dançarinas e tinha o irmão Ramon Espindola Sambrana, 52, na plateia. Ele conta que acompanha a irmã nas aulas sempre que pode e percebe a alegria durante as atividades. “Ela não vê a hora de chegar o sábado para ir pra Adefil. Foi uma motivação pra ela, mudou a perspectiva de vida. Pra gente como família também. Se ela está contente, a gente fica contente também”, destaca.

Entre uma apresentação e outra durante o espetáculo, os telões do teatro apresentaram depoimentos de funcionários, parceiros e pessoas atendidas pela instituição. Muitas delas contaram terem vencido doenças como a depressão ou deixaram de tomar medicamentos depois de frequentar os encontros de dança.

Corpo em Movimento

O projeto Corpo e Movimento é desenvolvido pela professora Lisiane dos Santos, pelo educador Dirceu Cardoso e pelo auxiliar Marcelo Nogueira e Almeida. Para os instrutores, a dança em cadeira de rodas quebra padrões estéticos e artísticos, além de desenvolver o autoconhecimento e ampliar as habilidades físicas.

As atividades são feitas de forma individual ou em duplas, e desenvolvem a expressão e criatividade. “Me emocionei muito e fiz o espetáculo com muito amor. Essa é uma atividade que faz a diferença na vida deles e na minha. É desafiador, mas eles estavam alegres e me motivavam a ensaiar”, destaca Lisiane.

Os ensaios eram todos os sábados do mês. Além de pessoas da comunidade, instituições como o Centro de Cultura Afro-Brasileira de Lajeado, o CTG Bento Gonçalves e o Grupo Escoteiro Tibiquary também auxiliaram durante o espetáculo.

A iniciativa é viabilizada com recursos do Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência (Pronas). De acordo com a coordenadora da Adefil, Reni Lawall, o incentivo vai até janeiro e, depois, a entidade busca novos programas para inscrever o projeto e dar continuidade às atividades. Por meio do Ministério da Cidadania, a entidade também tira do papel uma nova iniciativa que integra a bocha adaptada, tênis de mesa e basquete em cadeira de rodas.

Com cerca de dez coreografias, grupo ensaiou 12 meses para apresentação no teatro. Crédito: Bibiana Faleiro

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