Nascentes: proteger para poder usufruir

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Nascentes: proteger para poder usufruir

Pequena intervenção possibilita melhor aproveitamento do recurso hídrico e preserva o olho d’água

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Nascentes: proteger para poder usufruir
Luis Vanderlei Hoose aproveitou a nascente na parte alta da propriedade para fazer a proteção e usar a água (Foto: Luciane Ferreira)
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O tema não é novo, tampouco a técnica. Entretanto, é cada vez mais necessário preservar os recursos hídricos, especialmente no campo. Os ciclos de seca e a despesa mensal com água levam os agricultores a procurar alternativas, afinal, diariamente precisam dessedentar os animais, higienizar instalações e ter água para consumo da família.

A propriedade de Luis Vanderlei Hoose, na Picada Felipe Essig, em Travesseiro, era abastecida somente pela associação de água da comunidade. Ele não revela o valor, mas o consumo para dessedentação dos suínos e limpeza dos alojamentos pesava no bolso. Enquanto isso, na parte mais alta da propriedade, no meio do mato, a água brotava na superfície.

O oferta de água, o apoio técnico da Emater/RS-Ascar e a legislação municipal, que concede incentivos, levaram Hoose a fazer uma pequena intervenção na nascente e canalizar a água até um reservatório. Os usos são diversos, e o gasto com o fornecimento pela associação reduziu, garante Hoose.

Legislação municipal agiliza processo

Dexheimer mostra o modelo, instalado na praça central de Travesseiro, para que o agricultores possam ver o quanto simples é a intervenção

O engenheiro agrônomo da Emater de Travesseiro, Carlos Dexheimer, conta que a legislação de Travesseiro, de 2018, desburocratizou o processo de proteção de nascentes. Antes da lei, eram feitas de três a quatro intervenções ao ano. Atualmente, mais de 40 agricultores estão com o sistema pronto e ainda há interessados.

A procura também aumentou depois que um modelo foi instalado na praça central. Dexheimer destaca que as pessoas podem ver como o projeto é simples. Outro ganho é o ambiental, já que a perfuração de poço artesiano, que seria uma alternativa, causa muito mais impacto que a proteção de nascente.

Melhorar o abastecimento com menor impacto é uma das vantagens

Engenheiro agrônomo Marcos Schäfer destaca a melhora na qualidade de água para as famílias do campo (Foto: Divulgação)

Para o engenheiro agrônomo, Marcos Schäfer, não faz sentido perfurar poços artesianos e deixar de lado as nascentes, que têm baixo impacto ambiental, custo acessível e servem para vários usos.

“É uma construção de alvenaria, totalmente fechada, para evitar a entrada de resíduos orgânicos e man ter a qualidade da água que sai da nascente.” Schäfer acrescenta que, além do uso na propriedade, é possível captar para consumo humano. “Neste caso, é necessário laudo de potabilidade e, dependendo da vazão, há exigência do documento de dispensa de outorga.

A Emater, conta Schäfer, trabalha com proteção de nascentes há 40 anos, quando sequer existia legislação específica.

“É um trabalho muito gratificante, principalmente quando se auxilia uma família que está tomando uma água barrenta, que tem contaminantes que podem comprometer a saúde das pessoas.” A proteção, acrescenta, mantém a qualidade da água de quando ela nasce, não permitindo que se contamine no meio do caminho. “Além disso, é preciso compor a mata ciliar e isso garante o retorno de água.”

 

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