Ato agora e de agora em diante!

Opinião

Gabriela Munhoz

Gabriela Munhoz

Colunista do Caderno Você

Ato agora e de agora em diante!

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Na semana passada, vivemos o ATO 2022, um circuito de artes cênicas que idealizamos e desenvolvemos através da Secretaria de Estado da Cultura por meio do IEACEN, instituto o qual dirijo, e a Casa de Cultura Mario Quintana, junto do Instituto Ling e do SESC/RS. A curadoria foi do mestre Renato Mendonça.

Foram sete dias de apresentações artísticas diversas, em diferentes espaços da cidade – teatros, auditórios e rua – e duas oficinas formativas. O elenco, era composto por artistas da capital, do interior do RS e de outros estados.

Uma primeira versão. Despretensiosa. Pensada com muito cuidado em cada detalhe – desde como valorizar e abraçar o artista para que se sentisse confortável e seguro para desenvolver o seu trabalho, a como o público poderia ter a melhor experiência, por um preço acessível – os ingressos custaram R$ 10 e R$ 5.

O ATO foi na semana que antecedeu o segundo turno das eleições, e a última apresentação foi na Travessa dos Cataventos, da Casa de Cultura Mario Quintana. A adrenalina com que vivemos esse encontro não parecia ser unicamente por estarmos encerrando o circuito, celebrando numa quinta-feira calorosa um ato artístico com grandes artistas. Tinha algo a mais lá.

Uma atmosfera que pulsava através daquele coletivo de pessoas (que não se conheciam em sua grande maioria), que gritava e aplaudia e transbordava naquela manifestação artística. E não era Lulalá que a gente gritava. Era um barulho ainda maior.

Aquele evento me fez refletir sobre o quão estamos sedentos e apaixonados pela arte, talvez mais do que nunca. Ou do que sempre. Primeiro, ainda pela seca de afetos e toques que nos foram roubados na pandemia; segundo, porque acabamos de ser asfixiados por um líder federal que tentou destruir a cultura – “a mamata vai acabar”, nos nomeou vagabundos e nos deu Mario Frias como representante.

Me parece que, agora, livres e incentivados, poderemos potencializar e disseminar arte e cultura, contagiar e contaminar de amor e de liberdade todos os peitos. Aqui no RS, Eduardo Leite já vem fazendo isso. O investimento e estímulo na cultura – sem precedente histórico – dos últimos quatro anos nos faz celebrar a aposta dos próximos quatro. Pensa comigo: um povo com cultura sabe denunciar racismo, machismo, xenofobia, misoginia e todo e qualquer outro preconceito.

Um povo com cultura tem direito de escolha, tem direito aos seus direitos. Um povo com cultura aguça senso crítico, exercita mais o cuidado de si, amplia seu potencial sensorial, sua prática da empatia; um povo que consome arte e cultura vive mais os seus prazeres e, principalmente, os conhece e reconhece. E aposto que reconhecer-se em si pode ser uma forte pista para a alegria. Portanto, hora de viver. Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro – como cantava o nosso ídolo Belchior. VIVER É UM ATO.

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